O conceito ‘computação quântica’ tem 45 anos, os primeiros protótipos deste tipo de computadores pouco mais de 20 e o investimento académico e empresarial intensivo nesta área, aproximadamente 5. Quando comparada com a evolução noutras áreas tecnológicas, este é um período temporal muito extenso para cada um destes degraus evolutivos. Acredito que isto se deva, por um lado, à complexidade técnica do seu desenvolvimento e, por outro, à falta de uma base de aplicabilidade prática que o impulsione.
O estado da arte nesta área conta já com um grande investimento por parte das mais relevantes empresas tecnológicas, bem como de diversas instituições académicas. Mas a corrida à computação quântica parece estar ainda a aguardar o derradeiro tiro de partida na forma de uma aplicação comercial rentável. A computação quântica é divergente de toda a tecnologia actual, que se baseia num sistema de processamento binário e em sequências de lógica convencional. O tradicional processo digital recebe e computa a realidade através de uma programação de elementos biestáveis definidos pela lógica direta dos transístores. Como num mundo a preto e branco, os ciclos de processamento dos computadores tradicionais encadeiam-se na sua lógica limitada, sequencial e linear.
Se pensarmos na complexidade do mundo e da sua natureza, rapidamente perceberemos que tentar reduzi-la a uma sequência lógica de zeros e uns é uma tarefa humanamente impossível, simplesmente porque nos deparamos com o aumento exponencial da complexidade das rotinas a processar.
Mesmo o constante aumento da capacidade de computação tradicional não é suficiente para fazer face à necessidade de cálculo linear para solucionar, de forma exacta, os mais diversos problemas naturais. Assim, a computação tradicional estará sempre limitada pela lógica parcelar da “realidade”, recriada na sua digitalização e pela sequência lógica de programação. A computação quântica quebra a limitação da lógica binária através do uso dos princípios da física quântica, nomeadamente do princípio da superposição de estados, tendo-os em permanente consideração no seu método de cálculo. Naturalmente, isto aumenta a complexidade do processo, mas, ao mesmo tempo, encontra atalhos lógicos inacessíveis ao processamento linear, aproximando-se da realidade aparentemente caótica dos processos naturais.
Por esta razão, acredito que os chips quânticos terão um espaço assegurado nas plataformas de computação do futuro, ao lado dos CPU, GPU/PPU e NPU, porque trabalham de forma distinta de todos estes e os complementam na extrapolação do caos aparente da nossa realidade.