A missão da Manie é clara, diz Francisco Val Ferreira, co-fundador e CPO da startup: «Garantir que todos pagamos o preço justo pela nossa energia. Queremos dar o poder aos consumidores e assegurar que conseguem analisar todo o mercado», para que escolham a «melhor oferta».
Para isso, a empresa criou um simulador de poupança em que o utilizador faz o upload da factura; depois, o software da empresa «extrai os dados necessários, analisa todas as ofertas do mercado e estima quanto se poupa, se tiver o contrato em cada uma das ofertas actualmente no mercado», explica o responsável. Além disso, a plataforma da Manie tem uma opção, o Switch, que «permite mudar para uma dessas ofertas» e o AutoSwitch, um serviço que «faz tudo pelo utilizador: analisa o contrato, procura a melhor oferta no mercado e adere», como diz a startup, «automagicamente». O responsável salienta que há um «plano gratuito e outro pago (7,99€/mês)», cujas principais diferenças são a «periodicidade» com que a empresa «analisa o mercado, o leque de ofertas cobertas pela mudança automática e a prioridade no apoio ao cliente». As grandes mais-valias estão na «simplicidade, transparência e personalização, combinada com uma automação inteligente com independência total em relação às comercializadoras», acrescenta Francisco Val Ferreira. O co-fundador sublinha ainda que esta é a «estratégia para ser o maior player de energia em Portugal».
Poupança para todos
A ideia de criar a Manie nasceu quando os quatro fundadores se aperceberam de que estavam a «pagar demasiado pela energia» e não só, revela o CPO: «A nossa experiência profissional também nos tinha dado alguma exposição a este problema, mas a constatação de que os consumidores portugueses pagam cerca de dois mil milhões de euros a mais por ano nas suas facturas de electricidade tornou claro que havia uma oportunidade de ajudar muitas pessoas». Francisco Val Ferreira diz que o sector é uma «legacy industry», ou seja, «opaca, concentrada em dois a três comercializadoras, com soluções tecnológicas arcaicas e estratégias comerciais com base em desinformação». Assim, a visão da startup é «mudar o rumo da indústria em Portugal, com uma solução imparcial, centrada no consumidor e que permita poupar de forma contínua e sem esforço». A Manie «conta com uma equipa de cerca de vinte pessoas» e já ultrapassou os «dez milhões de euros em poupança gerada para os consumidores».
Ser uma referência
Em Abril de 2025, a Manie captou uma ronda de investimento pre-seed de um milhão de euros e está a usar esse financiamento para dar o primeiro passo do processo de internacionalização. Espanha foi o mercado escolhido devido à «semelhança de estrutura regulatória, volatilidade tarifária e apetite crescente por soluções digitais». O lançamento está planeado para o «segundo semestre de 2025, com previsão de recrutamento local e dez mil clientes até final do ano». Mas, a «médio-longo prazo», a Manie quer «expandir-se para outros mercados europeus como Itália e França, que enfrentam igualmente problemas de volatilidade nos preços e estruturas tarifárias complexas». A ambição é «transformar a Manie num hub europeu de gestão automática de contractos energéticos, replicando o modelo de sucesso implementado em Portugal», avança o responsável.
Além disso, os focos estão centrados na «melhoria da experiência em Portugal, sobretudo com o lançamento de uma app» e em «continuar a investir no desenvolvimento do produto, com novas funcionalidades e soluções pensadas não só para consumidores finais, mas também para PME, bancos, fintechs e outros parceiros institucionais». Por outro lado, o crescimento da equipa «também é uma prioridade» – a Maine quer reforçar áreas como tecnologia, produto e operações», nomeadamente com «engenheiros de software, especialistas em data science e de crescimento para apoiar a operação em novos mercados», conclui Francisco Val Ferreira.