Nick Clegg, antigo vice-primeiro-ministro britânico e ex-executivo da Meta, considera que a obrigatoriedade de consentimento por parte de artistas para o uso das suas obras no treino de modelos de inteligência artificial «poderia ter efeitos devastadores para o sector, no Reino Unido».
Ao contrário disso, devem ser os autores a pedir a exclusão deste processo, ou seja, deixar claro que não querem que os seus conteúdos sejam usados para este fim. Nick Clegg considera, assim, «pouco viável» que esse consentimento seja pedido antes da recolha dos dados.
«Há muitos artistas que dizem ‘Só podem treinar a IA com os meus conteúdos se me pedirem primeiro’ e isto parece-me algo implausível, porque estes sistemas treinam com volumes massivos de dados», disse o ex-executivo da Meta (citado pelo The Times), durante um evento de apresentação do seu próximo livro, ‘How to Save the Internet’.
Para o ex-governante, não é, assim, realista pedir uma autorização individual a cada artista: «Não vejo como é que isso poderia funcionar. E, se o fizéssemos apenas no Reino Unido e mais nenhum país obrigasse a isso, matávamos, da noite para o dia, a indústria britânica da IA».
As declarações de Nick Clegg surgem numa altura em que o Parlamento deste país debate alterações legislativas que têm como objectivo dar mais poder às indústrias criativas para controlarem a forma como os seus trabalhos estão a ser usados por empresas de IA.
Em Portugal, recentemente, numa conferência da Audigest sobre direitos digitais e IA, vários artistas e responsáveis do sector da música pediram «mais regulamentação e protecção dos direitos de autor».