A tecnologia da informação tem um impacto significativo na maneira como memorizamos, recordamos e formamos pensamentos. Assim como a revolução nos transportes alterou a anatomia humana, especialmente a estrutura muscular, as últimas décadas viram as tecnologias de informação impactarem a estrutura cerebral de maneira similar. As regiões cerebrais, assim como os músculos, desenvolvem-se ou atrofiam com base no tipo e quantidade de exercício a que fazem.
A presença constante de dispositivos tecnológicos que resolvem todo o tipo de problemas lógicos, e nos ligam à maior base de dados de conhecimento humano, diminui o nosso esforço mental em tarefas como memorizar números de telefone, definir rotas ou calcular tempos de espera. Devido à sua eficiência, confiamos nas máquinas para realizar esses exercícios cerebrais, muitas vezes sem perceber o impacto dessa dependência na nossa própria capacidade cognitiva.
Inicialmente, a externalização de funções cognitivas para máquinas estava limitada a processos mecânicos relacionados ao cálculo e à memória. No entanto, com a inteligência artificial (IA) generativa, surge um novo paradigma onde a capacidade de pensamento crítico também pode ser delegada às máquinas. A IA generativa está, ainda, na sua infância, e a humanidade ainda tenta perceber o seu impacto e implicações. Quando colocamos uma pergunta a um motor de busca, recebemos de volta uma centena de fontes de informação que nos tentam esclarecer sobre a mesma, cabendo-nos a função crítica de definir qual a resposta mais assertiva à nossa questão. A IA generativa oferece uma única resposta, cuja aceitação como verdade é proporcional ao nosso desconhecimento sobre o assunto em questão.
Esta mudança de papéis, onde a IA é vista, não apenas como uma ferramenta, mas como um definidor de processos críticos, está destinada ao fracasso se não exercitarmos o nosso pensamento crítico na verificação da informação recebida. A relação entre humanos e tecnologia deve ser guiada pela consciência das implicações dessa convivência, garantindo que a tecnologia continue a potencializar nossas capacidades em vez de substituí-las.
O desenvolvimento de um pensamento crítico robusto é essencial. Manter esta habilidade essencial garante que a tecnologia se mantém uma ferramenta que expande as nossas capacidades intelectuais, especialmente em áreas de raciocínio complexo, em vez de nos tornar dependentes e vulneráveis à aceitação de respostas automatizadas. A evolução dessa relação é contínua e exige uma postura consciente e crítica para que a tecnologia continue a servir como uma extensão de nossas capacidades cognitivas e não como uma substituta disso.