Iniciado em 2016 por Eugen Rochko, esta plataforma é, agora, desenvolvida activamente por uma empresa sem fins lucrativos, a Mastodon gGmbH. Como qualquer bom projecto de código livre, o Mastodon já conta com mais de novecentos contribuidores individuais no seu github.
Modelo federativo
Idêntico ao Matrix, o Mastodon funciona num modelo federativo em que qualquer pessoa ou grupo pode ter a sua própria instância com regras, interface gráfica e moderação diferenciadas (ou não). Estas instâncias comunicam entre elas, o que permite a utilizador registado no masto.pt ver e interagir com utilizadores da ciberlandia.pt
Um dos propósitos do Mastodon é criar uma plataforma inclusiva onde as comunidades podem estabelecer ligações/comunicar sem se sentirem censuradas e, num ambiente controlado, possam, entre si, decidir o conteúdo que aprovam ou não. O contrário acontece em redes centralizadas como o Twitter, o Instagram ou o Facebook (entre outros): aqui, a moderação é feita por uma entidade central, através de mecanismos automáticos. Isto leva a que, muitas vezes, o conteúdo seja removido de forma errada, por falta de contexto, ou o contrário: actividades extremamente tóxicas passam despercebidas. Nas redes federadas, o poder está mais perto dos utilizadores, cada instância é responsável por se moderar a si mesma e, no momento em que uma instância falha nesse ponto, é fácil migrar para outra e manter as ligações já existentes.
Um desafio comum ao ingressar numa rede social emergente é a sua inicial falta de actividade. No entanto, após a compra do Twitter por Elon Musk, em 2022, o Mastodon tem visto um crescimento de utilizadores gradual, tendo de momento cerca de nove milhões de utilizadores, dos quais 1,5 milhões estiveram activos no último mês.
Uma rede para ligar a todas as outras
Um dos problemas encontrados nas redes sociais actuais é a fragmentação: cada plataforma, como o Instagram ou o Reddit, tende a cultivar um tipo de conteúdo ou comunidade distinto. No entanto, o ActivityPub promete mitigar este problema, permitindo uma interacção fluída e integrada com diferentes redes sociais. O ActivityPub é um padrão que facilita a comunicação entre plataformas, permitindo aos utilizadores participar numa rede social unificada.
Por exemplo, no universo Mastodon, é possível acompanhar comunidades inteiras no Lemmy (uma plataforma de fóruns e partilha de links similar ao Reddit), assim como canais do PeerTube (uma alternativa descentralizada para partilha de vídeos). Esta interoperabilidade permite aos utilizadores do Mastodon ter uma experiência abrangente: é possível receber notificações de amigos, descobrir vídeos mais recentes de um canal favorito ou mesmo participar num fórum de discussão.
Neste momento, uma das promessas passa pela a adopção do ActivityPub pelo Threads da Meta, o que a acontecer irá trazer cerca de cem milhões de utilizadores para o Fediverso. Esta expansão ampliaria o alcance e diversidade do conteúdo disponível e reforçaria a visão de uma Internet mais aberta e conectada.
Estou convencido: como posso começar a usar?
Para começar na sua nova aventura e ingressar no Mastodon, o primeiro passo será escolher uma instância, basicamente o servidor onde a sua conta residirá. O segundo passo é simples: entre no site da instância e registe-se. Para o propósito deste artigo, sugerimos começar por masto.pt ou ciberlandia.pt. Depois de se registar, pode começar a seguir os seus amigos ou comunidades de interesse. Como como não poderia de deixar de ser, recomendamos que siga a conta oficial da ANSOL: @ansol@floss.social.
E quanto a apps móveis? Sim, existem, e não apenas uma, mas dezenas, oferecendo uma ampla gama de opções. Para criar este artigo, testámos a aplicação oficial (disponível no F-Droid, Play Store do Google e na App Store da Apple), mas sendo o Mastodon um software livre existem outras alternativas disponíveis. Pode explorar em as opções em joinmastodon.org/apps.
Para complementar este artigo, fizemos uma entrevista ao Hugo Gameiro (@hugo@masto.pt) da masto.pt. O Hugo começou a trabalhar com Mastodon desde cedo e não há ninguém melhor que ele para explicar mais a fundo os contornos desta nova rede social. Pode ver a entrevista em viste.pt, procurando por ‘Hugo Gameiro’.