A startup portuguesa desenvolveu uma aplicação em que os utilizadores se «conhecem de modo autêntico, sem swipes, sem filtros, sem pessoas falsas» através de videochamadas de oito minutos, explica Miguel Moreira da Cruz, COO e co-fundador da Eight. O conceito tem por base a teoria ‘Poder dos oito minutos’ de Simon Sinek, que diz que basta esse tempo de atenção e foco para haver uma ligação emocional. O empreendedor revelou que, no final do ano passado, estava insatisfeito a nível profissional e sentia «não estava a cumprir o meu propósito» e que o outro co-fundador, Afonso Simão, que conhecia «desde a escola e com o qual andava no mesmo ginásio», também estava com uma situação complicada na sua empresa. Ambos estavam solteiros e usavam apps de dating, mas «não gostavam nada do que se andava a passar» nessas plataformas: «imensos encontros que nunca se materializavam, falta de confiança, ghostings e comportamentos estranhos».
Quando conheceram Thomas Momsen, que criou a Too Good To Go, e explicaram o projecto, perceberam que o mesmo tinha viabilidade e decidiram criar um «ambiente online mais seguro» para que as pessoas se começassem a relacionar já que, segundo dados de «2024, 64% dos casais conheceram-se online».
Oito minutos apenas
A Eight, que está disponível para iOS e será lançada em breve para Android, permite videochamadas com uma duração de oito minutos que ligam pessoas todos os dias das 20 às 21 horas. Miguel Moreira da Cruz esclarece isto foi definido após «estudos» que indicam que é a altura do dia em que «há um pico maior de uso de redes sociais», além de «não interferir com os horários de trabalho». Além disso, desta forma, garante-se que os utilizadores que realmente querem conhecer alguém estão online: «Se tivéssemos a solução aberta 24 horas por dia, podia alguém entrar às seis da manhã e não haver ninguém. Não queríamos que os utilizadores ficassem desiludidos».
Tudo começa com um registo em que a pessoa «grava um vídeo de introdução de trinta segundos» que depois é «verificado e aceite manualmente» para garantir que não «há perfis falsos» e que os «vídeos estão dentro das regras». Sobre a forma de funcionamento da Eight, batei-ase num formato que foge ao swipes: «Se o utilizador gostar de um vídeo de alguém, envia um sorriso. Se essa pessoa sorrir de volta, instantaneamente entram num date de oito minutos através de videochamada».
Crescer e chegar ao Reino Unido
A startup tem seis colaboradores e o co-fundador diz que é uma «AI-first company», oi que dispensa uma «equipa muito grande». A Eight integrou recentemente o conhecido empreendedor do Reino Unido, Ross Williams, que «conhece muito bem o mercado», pois teve uma «empresa de online dating», motivo pelo qual os planos de expansão passam por esse país, onde a empresa quer entrar em «meados de Janeiro». O Brasil está também no roadmap da Eight por «questões linguísticas e de promoção de marketing/redes sociais, porque é mais fácil fazer a transição a nível dos algoritmos», justifica Miguel Moreira da Cruz.
A Eight já levantou «155 mil euros» numa ronda de investimento em que participou a Medley Capital, uma empresa de capital de risco dos fundadores da Too Good to Go, e um grupo de investidores privados portugueses.
Actualmente, a app tem mais de «mil utilizadores» e «recebe entre dez a vinte perfis novos todos os dias», mas o objectivo é crescer e chegar aos «dez mil utilizadores nos próximos três a seis meses» com a «subida da métrica do número de perfis activos diários para quinhentos», sublinha o responsável. O co-fundador da Eight sublinha ainda que, a app é «completamente gratuita» e ira ser lançada uma modalidade paga, a «Eight Premium», além novas funcionalidades, muito em breve.
As perspectivas de futuro são «liderar o mercado», mas sempre mantendo a sua essência de «ajudar as pessoas a terem relacionamentos sérios e não só casual dating». Miguel Moreira da Cruz diz mesmo que a missão nunca vai mudar: «Vamos sempre posicionar-nos como uma app para relações verdadeiras. Não é uma app para ter dopamina ou encontros com múltiplas pessoas, ao mesmo tempo».