Se eu fosse um rapaz minimamente organizado ao nível do arquivo falecido (que não sou, com algum desgosto…), puxava aqui de uma coluna de há anos em que falava de unificação e convergência de sistemas operativos como uma inviabilidade no mundo Apple. A verdade é que os anos foram passando e, quando os caminhos pareciam aproximar-se, mantiveram-se paralelos e só se me reavivou a esperança quando comecei (começámos) a ver a adopção de processadores próprios por diversas linhas de produto.
A última conferência de desenvolvimento (WWDC) trouxe mais umas razões tendentes a prometer essa convergência, sendo que, neste caso, se anunciam pela aproximação estética por via de uma “linguagem de design” (um termo bonito que pode albergar imensas coisas) que será transversal a iOS, macOS, watchOS e a mais o que ainda possa caber nesta categoria. A opção por processadores próprios, de bom desempenho, permite claramente este “fogo de artifício” visual, que promete, pelo que já vi, uma reacção/interacção das interfaces com cores circundantes, com movimentos dos equipamentos e constituintes dos sistemas operativos dos quais nem nos lembramos, como é o caso de botões, sliders e controlos de toda a espécie.
Preciso muito de sistemas unificados que me facilitem a vida nas inúmeras vezes em que, durante o meu dia, “salto” de hardware em que algum até nem é meu. Se este redesenho é bonito? É lindíssimo, ponto. Mas, obviamente, não vai ser para todos – e isto, para não variar, vai desencadear uma vaga de ‘Odeio-vos!’ (como se a culpa fosse minha…) na caixa de correio ou nos meus canais de mensagens. Há pouco tempo, eu que raramente tenho sonhos tecnológicos, aconteceu-me sonhar com um setup em que máquinas de uma dada entidade, numa mesma rede, se “viam” sem qualquer configuração, em que os armazenamentos eram partilhados, bastando estarem debaixo do mesmo “chapéu” e ligadas.
Uma espécie de ‘zero configuration network’ em que a minha presença bastava para que um conjunto de equipamentos se reconhecesse e se desse a um bailado produtivo. Na verdade, já temos algumas tecnologias em que isso acontece, mas o tal ‘zero config’ ainda não é possível. Perdoem-me se vos aborreço com os meus devaneios oníricos, mas se há companhia que nos pode trazer isso de uma forma cada vez mais próxima, é a Apple. Se eu viverei os anos suficientes para poder desfrutar? Esse é outro ‘ball game’…