Recentemente, um consórcio liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra anunciou o ForestSphere, um projecto dedicado à criação de gémeos digitais de florestas. O objectivo é ter uma ferramenta que permita simular, prever e testar cenários de risco de incêndio, em que seja necessário intervir fisicamente no território.
O ForestSphere recebeu 1,5 milhões de euros da FCT e recorre a satélites, meios aéreos (drones) e terrestres (robots), cujos dados recolhidos permitem «reconstituir a orografia, o coberto vegetal, as habitações e as estruturas, bem como o ambiente meteorológico» – tudo informações que podem «influenciar os incêndios florestais», explicam os responsáveis.
Agora, é o Instituto Politécnico de Leiria, em parceria com o INESC TEC, que anuncia uma tecnologia deste género, praticamente com as mesmas soluções e objectivos: o DBoidS assume-se como um «sistema de prevenção de incêndios florestais com recurso a drones [da DJI – Mavic, Phantom e Mini 4 Pro], gémeos digitais e boids», que também pode actuar no «apoio ao combate e no rescaldo de incêndios florestais».
«Este projecto foi desenvolvido ao longo dos últimos três anos com o objectivo de preencher uma lacuna na prevenção de incêndios florestais, uma vez que os projectos existentes actuavam maioritariamente ao nível da prevenção, combate e rescaldo, enquanto que o DBoidS actua também na fase de previsão», explica António Pereira, professor do IPLeiria.
O DBoidS começa por fazer a «identificação das áreas de maior risco de fogo, através do cálculo do índice global de incêndio, que determina as zonas florestais que devem ser vigiadas pelos drones». Assim que isto é feito, os drones são «enviados em bando, cada um com uma missão específica».
Com base num «algoritmo já treinado que consegue identificar, por exemplo, fontes e formas de ignição de incêndios», os drones analisam a «mancha florestal, detectando e seguindo todos os movimentos, desde pessoas a veículos» (imagem em cima). Desta forma, as equipas de emergência podem avaliar se «existe um risco real» de incêndio.
Caso haja mesmo um fogo, o DBoidS está «preparado para compreender qual a velocidade de propagação do fogo e prever potenciais cenários perigosos na floresta», tudo com recurso a IA. O protótipo deste sistema está funcional, concluído e pronto para ser colocado ao serviço das autoridades.
«Tratando-se de um projecto de investigação, não olhamos para a sua conclusão como um ponto de chegada, mas antes como um ponto de partida (…) temos aqui todas as bases para (…) podermos ver este sistema no terreno, a ser utilizado pelas autoridades competentes», acredita António Pereira.