Há mais de dez anos que a Valve, a editora de jogos como Half-Life, DOTA 2, Counter-Strike e da plataforma Steam, se interessa pela relação entre o cérebro e os computadores: a empresa chegou a ter planos para criar um headset de realidade virtual com sensores para os lóbulos das orelhas.
Contudo, esta ideia acabou por ficar na gaveta, algo que, decididamente, não vai acontecer com este projecto de uma empresa que o fundador da Valve, Gabe Newell, criou em 2019: a Starfish Neuroscience. Em causa está um chip de «electrofisiologia feito à medida, capaz de registar a actividade cerebral e estimular o cérebro».
Este é um conceito semelhante ao da Neuralink (liderada por Elon Musk), capaz de fazer a comunicação directa entre este órgão do corpo humano e um computador. Segundo Nate Cermak, engenheiro da Starfish, o objectivo é criar um implante «mais pequeno, menos invasivo e com acesso simultâneo a várias zonas do cérebro, sem necessidade de bateria».
O chip da Starfish (que tem 2 x 4 mm e é fabricado com o processo de 55 nm da TSMC) consome 1,1 mW durante o registo normal de sinais, tem 32 eléctrodos, 16 canais de registo simultâneos a 18,75 kHz e funciona com ligações sem fios de baixa largura de banda.
Em comparação, o chip N1 da Neuralink tem 1024 eléctrodos distribuídos por 64 fios implantados no cérebro, consome cerca de 6 mW, obriga a ter uma bateria e tem um formato consideravelmente maior (23 x 8 mm). Lembre-se que a empresa de Elon Musk já implantou este chip em três pessoas.
Além de poder haver uma componente lúdica associada ao chip Starfish (como jogar sem usar teclado e rato), a empresa quer usar este dispositivo para tratar doenças como o Parkinson: «Há cada vez mais indícios de que certas perturbações neurológicas estão ligadas a falhas nas interacções entre diferentes áreas do cérebro».