Informações recentes indicam que a Microsoft reduziu os objectivos de vendas devido à fraca procura pelos seus produtos de IA, ao mesmo tempo que a Google começa a ultrapassar a concorrência em quota de mercado e inovação.
A Microsoft, sob a liderança do CEO Satya Nadella, parece estar a enfrentar um problema crescente: a dificuldade em convencer o mercado a adoptar os seus produtos de Inteligência Artificial. Um novo relatório sugere que a empresa cortou os objectivos das suas equipas de vendas de IA, apontando para uma procura muito abaixo do esperado para os produtos Copilot, considerados por muitos críticos como imaturos face à concorrência.
A gestão de Nadella tem sido marcada por uma mudança de foco entre várias tendências tecnológicas, da blockchain ao “metaverso” e, agora, para a inteligência artificial. No entanto, críticos apontam que esta mudança constante de prioridades tem deixado fissuras na relação com os consumidores.
Segundo um artigo do The Information, os esforços internos de IA da Microsoft estão a enfrentar obstáculos, com cortes nas previsões e nas metas de vendas para os produtos Azure AI. O relatório menciona que as equipas comerciais estão com dificuldades em atingir os objectivos devido à falta de interesse dos clientes. Embora a Microsoft negue oficialmente estas dificuldades, as tendências de crescimento da quota de mercado contam uma história diferente, com o Gemini da Google a registar um crescimento significativo.
A parceria da Microsoft com a OpenAI também enfrenta escrutínio. Relatos indicam que a OpenAI entrou num estado de “alerta vermelho”, uma vez que o ChatGPT tem perdido terreno para o Google Gemini na resolução de problemas complexos, e os modelos de geração de imagem da Google têm superado o DALL-E.
Com o modelo de negócio da OpenAI sob pressão e a acumular dívida, a forte dependência da Microsoft nesta parceria pode tornar-se um risco. Dados da FirstPageSage ilustram o cenário actual do mercado de chatbots de IA:
Tabela de Utilização de Chatbots de IA Generativa (Dezembro 2025)
| Posição | Chatbot de IA Generativa | Quota de Mercado (Pesquisa AI) | Crescimento Trimestral Estimado |
| 1 | ChatGPT (excluindo Copilot) | 61,30% | 7% ▲ |
| 2 | Microsoft Copilot | 14,10% | 2% ▲ |
| 3 | Google Gemini | 13,40% | 12% ▲ |
| 4 | Perplexity | 6,40% | 4% ▲ |
| 5 | Claude AI | 3,80% | 14% ▲ |
| 6 | Grok | 0,60% | 6% ▲ |
| 7 | Deepseek | 0,20% | 10% ▲ |
Os dados mostram que, embora o ChatGPT mantenha a liderança, o crescimento do Copilot da Microsoft é anémico (2%) quando comparado com o salto de 12% do Gemini da Google, que está prestes a ultrapassar o produto da Microsoft em quota de mercado.
A análise sugere que a Microsoft, na corrida para agradar aos accionistas, lançou produtos “meio acabados”, adoptando uma mentalidade de “lançar agora, corrigir depois”. Esta abordagem contrasta com a da Google, que, apesar de mais lenta inicialmente, tem apresentado ferramentas mais integradas e funcionais.
Utilizadores diários de ambos os ecossistemas notam que a diferença de qualidade está a aumentar. Funcionalidades básicas, como a edição de fotos nos telemóveis Google Pixel, são descritas como muito superiores às ferramentas equivalentes no Windows. Da mesma forma, o Gemini no Google Workspace demonstra ser mais intuitivo e capaz de executar tarefas complexas (como agendar reuniões com base em fusos horários) do que o Copilot no Microsoft 365.
Além disso, a Microsoft depende fortemente da tecnologia da Nvidia para os centros de dados, enquanto a Google investe em toda a infra-estrutura, incluindo nos seus próprios processadores. Apesar do cenário desafiante, nem tudo são más notícias para a empresa de Redmond. O GitHub Copilot continua a ser um caso de sucesso e a empresa está a desenvolver os seus próprios chips (Maia e Cobalt) para reduzir a dependência da Nvidia.
Contudo, analistas alertam que, sem um foco renovado na qualidade do produto em vez da rapidez de lançamento, a Microsoft corre o risco de ver as suas ferramentas de IA ganharem uma reputação semelhante à do antigo Internet Explorer: omnipresentes, mas evitadas pelos utilizadores em favor de alternativas mais robustas e eficientes.