De acordo com a CNBC, Taiwan adicionou a Huawei e a Semiconductor Manufacturing International Corporation, ou SMIC, à sua lista de entidades sujeitas a controlos de exportação. Isto significa que as empresas de Taiwan necessitam agora de uma licença especial para enviar certos bens de alta tecnologia a estas duas firmas da China continental.
O conflito tem vindo a escalar há já algum tempo. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, tem visado a Huawei desde pelo menos 2019, colocando o fabricante de equipamentos de telecomunicações na sua própria ‘Entity List’ devido a receios relacionados com a segurança nacional. A preocupação tem sido sempre sobre as ligações da Huawei ao governo chinês e o potencial de o seu equipamento de rede ser usado para espionagem. O Reino Unido acabou por seguir o exemplo, ordenando que todo o equipamento 5G da Huawei fosse removido das suas redes até 2027.
Recorde-se que, em Dezembro de 2020, os EUA adicionaram a SMIC à ‘Entity List’ devido às alegadas ligações a militares chineses. O objectivo era cortar o acesso da fabricante de chips às ferramentas de que necessita para produzir os semicondutores mais avançados. Apesar de toda a pressão, as duas firmas conseguiram colaborar e produzir um chip de 7 nm para o telemóvel Mate 60 da Huawei.
Este novo “boicote” por parte de Taiwan aperta ainda mais o cerco. No ano passado, a empresa TechInsights encontrou um chip fabricado pela TSMC dentro de uma placa para o treino de IA da Huawei. Isto mostrou que, apesar de todas as restrições impostas pelos EUA, a Huawei continuava a ter acesso a chips avançados vindos de Taiwan. A descoberta levou directamente o Departamento de Comércio dos EUA a pressionar a TSMC para cortar o acesso de clientes chineses a chips específicos para utilização em IA. A Huawei tinha explorado inteligentemente lacunas para acumular milhões de dies de GPU para o seu programa Ascend AI, uma tentativa directa de construir uma alternativa de fabrico nacional ao hardware da Nvidia que domina o mercado.
Para Taiwan, isto parece menos uma questão comercial e mais uma questão de sobrevivência. A liderança da ilha no fabrico de chips, em grande parte graças à TSMC, é frequentemente vista como um “escudo de silício”. A ideia é que a dependência global de chips fabricados em Taiwan torna qualquer acção militar da China contra a ilha um enorme risco para o mundo. Deixar a sua tecnologia mais avançada chegar ao país que ameaça a sua própria existência poderia enfraquecer seriamente esse escudo.