O Ministro da Digitalização do estado alemão de Schleswig-Holstein, Dirk Schrödter, anunciou que os serviços públicos do estado deixaram de usar o Microsoft Teams e que nos próximos três meses será feita uma transição completa para Linux e programas de código aberto.
A decisão afectará quase todos os funcionários públicos, agentes da polícia e juízes, cerca de 30.000 empregados. Eventualmente, o resto dos funcionários, principalmente professores, também farão a mudança para aplicações de código aberto. Esta decisão está a ser aclamada como um grande passo na direcção da “soberania digital” e um sinal da crescente resistência europeia à dependência de gigantes tecnológicos dos EUA. A mudança surgiu pouco depois de as autoridades dinamarquesas terem dito que iriam abandonar o software Microsoft.
A mudança de Schleswig-Holstein já estava em andamento há algum tempo. Em Abril de 2024, o governo do estado declarou que faria a mudança. A razão, disse Schrödter na altura, era que o governo “não tinha influência sobre os processos operacionais das soluções de software [proprietárias] e sobre o manuseamento de dados, incluindo um possível fluxo de dados para países terceiros. Como estado, temos a grande responsabilidade para com os nossos cidadãos e empresas de garantir que os seus dados sejam mantidos em segurança, e devemos garantir que estamos sempre no controlo das soluções de TI que usamos e que podemos agir independentemente como estado.”
Sobre a decisão recente, Schrödter acrescentou: “Os desenvolvimentos geopolíticos dos últimos meses fortaleceram o interesse no caminho que tomámos. A guerra na Ucrânia revelou as nossas dependências energéticas, e agora vemos que também existem dependências digitais.”
Schleswig-Holstein também tinha outras razões para abandonar a Microsoft. Ao afastar-se de software proprietário, Schleswig-Holstein quer garantir que os dados sensíveis do governo e dos cidadãos permaneçam sob jurisdição alemã e não estejam sujeitos a potencial acesso por empresas dos EUA. Isso significa que, além de abandonar o software da Microsoft, Schrödter disse que moverá os seus dados do Microsoft Azure para uma nuvem baseada na Europa.
Escusado será dizer que o estado espera poupar dezenas de milhões de euros ao eliminar os gastos com o licenciamento da Microsoft e os custos mais imprevisíveis relacionados com as actualizações obrigatórias. Para este último, parece que Schrödter se referia à migração do Windows 10 para o 11.
A migração para Linux e tecnologia de código aberto ocorrerá em fases. A primeira fase, já em andamento, substituirá o Word e o Excel pelo LibreOffice. Seguir-se-á a implementação do Open-Xchange e o Thunderbird será usado para substituir o Exchange e o Outlook.