A luta entre os LLM e os autores é um dos temas crónicos quando se fala em inteligência artificial: na semana passada, numa conferência organizada pela Audigest, com músicos, a conclusão foi unânime: «É necessária mais regulamentação e protecção dos direitos de autor».
Os jornalistas são outros dos autores cuja produção é aproveitada pelos LLM para gerar conhecimento, algo que o sindicato nacional quer ver esclarecido no que respeita ao modo de actuação do projecto Amália, conhecido como o ‘ChatGPT português’.
Contudo, isto não parece estar a ser fácil: «A direcção do sindicato dos Jornalistas estranha que os responsáveis pelo grande modelo de linguagem português estejam, há dois meses, a ignorar os nossos contactos para discutir o projeto Amália».
A principal preocupação tem que ver com a «usurpação de trabalhos jornalísticos para construir modelos de linguagem que alimentam os negócios globais» das empresas que desenvolvem este tipo de plataformas, como a OpenAI (ChatGPT), Microsoft (Copilot) e Google (Gemini).
Em Portugal, a criação do Amália reúne várias entidades, como a Universidade Nova de Lisboa e o Instituto Superior Técnico, e tem um investimento de 5,5 milhões de euros por parte do PRR. São estas entidades que, segundo o SJ, não respondem aos pedidos de reunião e perguntas.
«Lamentamos que não tenham mostrado interesse em ouvir os representantes legais dos jornalistas e de se inteirarem das propostas do sindicato», diz este organismo em comunicado, sublinhando ainda que «não pode aceitar que um LLM português, ainda por cima com financiamento público, ignore a lei dos direitos de autor».
O sindicato reforça ainda a ideia de que a «informação, produzida por profissionais devidamente habilitados na recolha, selecção e produção de informações verificada, não se pode fazer à pirata», pelo que os jornalistas têm de ser «pagos» pelo trabalho que fazem e que, segundo o SJ, serve de base ao conhecimento adquirido por este LLM.