O Concord foi um marco incontornável da engenharia aeronáutica, símbolo (quase) único de um avião comercial de passageiros supersónico. Forneceu um serviço que não foi substituído por qualquer outro, mesmo passadas duas décadas após a sua reforma.
A ideia de viajar a mais do dobro da velocidade dos actuais aviões comerciais de passageiros pode parecer muito apelativa. A lógica ditava que, após os aviões a hélice e os jactos, o voo supersónico seria o próximo passo. Mas os altos custos operacionais (do consumo elevado de combustíveis à manutenção complexa), em conjunto com o enorme ruído e impacto ambiental associado ao seu estrondo sónico, e principalmente pela falta de clientes dispostos a pagar o premium de uma viagem deste tipo, tornaram-no um projecto muito dispendioso. Embora o Concord fosse uma maravilha tecnológica e um símbolo de luxo, nunca foi financeiramente sustentável. O seu único acidente fatal, em 2000, agravado pelo impacto do 11 de Setembro de 2001 na indústria aeronáutica, marcou o fim definitivo da sua era.
Curiosamente, duas décadas após o fim do Concord, a Sony lançou um jogo com o mesmo nome e, com ele, vinham grandes ambições. Mas também falhou e, neste caso, apenas duas semanas após o seu lançamento.
Concord é, na realidade, mais um FPS baseado em heróis, um género que tem origem no ainda jogado Team Fortress 2, com dezasseis anos, e seguido por muitos outros títulos de peso, como Overwatch (oito anos), Apex Legends (cinco anos) e Valorant (quatro anos). O principal factor de sucesso destes jogos é a sua capacidade de se reinventarem e adaptarem às aspirações das suas comunidades.
A Firewalk Studios, apesar de ter sido comprada pela Sony no ano passado, já estava a desenvolver este jogo há mais de oito anos (um ano a mais do que foi necessário para criar o avião) e isso reflecte-se claramente nas suas características pouco diferenciadoras e no seu modelo desajustado de comercialização, levando à falta de interesse dos jogadores em investir naquilo que, aparentemente, oferecia pouco de novo em relação aos gratuitos.
Uma história similar é a do jogo Hyenas, que a Sega cancelou em 2023, poucos meses antes do lançamento previsto, e após cinco anos de desenvolvimento. Esta é mais uma prova da maturidade do mercado dos videojogos, que balanceia a sua apetência comercial com uma audiência cada vez mais exigente e implacável.