Please (don’t) stop the music

O CEO da Luminate, Rob Jonas, referia, em 2022, que 50% das faixas nas bibliotecas de música das empresas de streaming tinham menos de dez streams. Muitas nunca são ouvidas.

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 3 min
©Imtiyaz Ali

Não é um ensaio, por isso, desde já, recuso os cinco pontos. É daquelas realidades com que nos deparamos ao seguir notícias e artigos que nos chegam entrelaçados uns atrás dos outros. Para onde segue o mercado musical? E que música teremos nos anos pós-advento da IA. Parece que não consigo sair do tema, mas se nem em Davos conseguem… é omnipresente, enquanto não é omnisciente.

Lia, no mesmo dia, sobre o despedimento de 1500 funcionários no Spotify (uma tendência da indústria tecnológica que se seguiu a uma contratação massiva nos anos de pandemia) e a potencial venda do Soundcloud. Se, por um lado, a primeira tem a liderança do mercado de streaming de música (aproximadamente 30%, mais que Apple e a Amazon Music juntas), a segunda foi responsável por dar voz a uma comunidade de artistas e pela criação de géneros musicais que seriam impensáveis de chegar aos ouvidos dos executivos nos grandes estúdios. O SoundCloud ainda é um espaço comunitário onde impera a liberdade criativa musical e os artistas lançam os temas musicais para essa comunidade, tendo apenas por base o seu critério.

Em 2020 o fundador e CEO do Spotify, Daniel Ek referia que eram adicionadas à plataforma quarenta mil faixas musicais por dia. No primeiro trimestre de 2023 este número seria, de acordo com a Luminate, próximo de 120 mil ISRC (ficheiros musicais). O modelo de pagamento de royalties mais utilizado nas plataformas de streaming chama-se ‘pro rata’. Ou seja, todos os streams são colocados num mealheiro de dinheiro gigante gerado pelas subscrições existentes, dividido proporcionalmente pelo detentor dos direitos musicais na percentagem de streams que detêm nesse mealheiro.

Se, há três anos, as preocupações dos artistas mais pequenos se focavam no enviesamento do modelo pro rata, tendo por base o típico utilizador adolescente que ouve Ariana Grande on repeat o dia todo, hoje, a questão coloca-se com a facilidade dada a novos criadores de música, através do uso de IA. O Spotify e a Apple Music, por exemplo, requerem que os artistas tenham distribuidores ou editoras que os publiquem nas respectivas plataformas, o que não acontece no Soundcloud onde podemos fazer o upload directo. Será libertinagem, e não a liberdade criativa, que lá impera? Se é esta plataforma que tem o melhor modelo de distribuição de dividendos aos artistas, o que acontecerá com os artistas da AI?

O CEO da Luminate, Rob Jonas, referia, em 2022, que 50% das faixas nas bibliotecas de música das empresas de streaming tinham menos de dez streams. Muitas nunca são ouvidas. Por piada (ou não) dê um salto ao site Forgetify, onde estão milhões de músicas que nunca foram ouvidas no Spotify. Stop the music?!

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