Apesar de sempre ter tido a preocupação de ser o mais eficiente possível na gestão do meu armazenamento on-line, era inevitável que um dia chegasse ao limite. Este mês, confirmou-se: fiquei sem espaço no Google Drive. Tal como para qualquer utilizador de Android, isto traz-me muitas limitações e preocupações, que vão desde a impossibilidade de salvaguardar as fotos e vídeos que vou tirando com o telemóvel até mesmo poder deixar de receber novos e-mails.
Esta situação “dramática” fez-me recordar os primórdios do Gmail, altura em que a Google decidiu revolucionar o mercado dos e-mails gratuitos, “oferecendo” contas com a capacidade de guardar para sempre todas as nossas mensagens. Na altura do seu lançamento, definiu 1 “infindável” GB para cada conta, quando os seus concorrentes asseguravam em serviços similares menos de 5 MB. No ano seguinte, a Google duplicou a capacidade das caixas de correio e mantive o ritmo acelerado de expansão muito à frente das necessidades do utilizador médio. Passados oito anos, a Google expandiu a sua oferta com o Google Drive, que permitiu guardar na sua nuvem, não só os e-mails, mas também todo o tipo de ficheiros – com isto, veio um incremento de capacidade de armazenamento gratuito para 5 GB. Três anos depois anos, éramos brindados com mais um serviço de armazenamento, o Google Fotos, que na altura garantia armazenamento ilimitado para todas as nossas fotos e vídeos e, acima de tudo, um avançado sistema de catalogação.
A Google, com o excelente trabalho que fez nos últimos vinte anos, criou um sentimento de segurança junto dos seus utilizadores de que seria possível manter toda a informação on-line, sem ter de pagar uma subscrição. E se, por um lado, 15 GB deveriam ser suficientes para uma utilização comum, a avidez com que o número de conteúdos que guardamos aumenta, a qualidade e, por consequência, o tamanho de conteúdo e o número crescente de novos utilizadores (reais ou duplicados), tornam claramente insustentável aumentar proporcionalmente o armazenamento disponível com este modelo de negócio.
Como consequência desta situação, termina agora o meu próprio “período de graça” nos serviços de armazenamento da Google e começa o mais tradicional serviço de subscrição. Apesar de vários processos de optimização (apagando e-mails inúteis, vídeos, fotos desfocadas e ficheiros para os quais não tenho uso), torna-se inevitável passar a um plano pago, para manter todos os registos/memórias que, de outra forma, se perderiam. Pelo menos, no que diz respeito a todos os processos de organização e à procura optimizada, daquele que é o grande colosso mundial das pesquisas, que nos oferece a nuvem digital para duas décadas e, depois, a passa a arrendar.