Da implosão descontrolada do Twitter, provocada pelo próprio dono, até ao pânico provocado pela inteligência artificial, escolhi quatro tópicos que marcaram a vida nas redes este ano, para mostrar que não há previsão que aguente com o demolidor avanço da tecnologia, da ganância e da estupidez colectiva.
IA: quando, em 2055, os nossos netos perguntarem aos seus tutores digitais da Disney – disponíveis por subscrição mensal – o que se passou em 2023, irão ficar perplexos com a confusão que houve, quando soltaram a inteligência artificial sobre as massas. Se há algo a aprender com a IA é que só veio acentuar mais a estupidez natural que para aí anda. Passem quinze minutos no TikTok e rapidamente irão querer ser servos de um senhor artificial, pois os humanos estão a perder a piada toda.
Elon Musk: há-de merecer um texto dedicado mas, para já, só digo isto – quem acha que o Elon é um génio, são os mesmos que acham que os trabalhadores têm direitos a mais, que vale tudo para se ter sucesso, que o dinheiro compra tudo e tudo permite.
NFT / crypto: um caso clássico de se confundir a tecnologia com o produto. E de ganância. Inventa-se a roda e toda a gente diz para comprarem e guardarem rodas, porque toda a gente vai querer ter muitas rodas. Só que as rodas, por si só, não valem nada. São apenas uma parte de um sistema. Mas o que é que isso interessa, se posso ficar rico depressa?
Broncosfera: a do Andrew Tate, antro de fãs do Musk e da malta das criptovigarices. A Internet foi, durante muito tempo, a vingança dos nerds, onde eram senhores. Os bullies aprenderam a usá-la e, em vez de levar os totós à pia, estão a aproveitar-se deles. Não há bullying mais refinado que o opressor convencer a vítima de que são amigos dela, quando apenas querem ficar com o dinheiro do almoço. E os nerds estão a ir atrás: até o Zuckerberg se juntou a um fight club. Greta Thunberg definiu bem a energia desta malta, para quem tudo é um pitch de vendas.
Mal posso esperar por 2024.