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Trabalhar um pouco mais

A Apple sabe vender, é um facto, o produto continua a ser desejado e vai evoluindo de forma gradual. Podemos discutir muitas coisas, mas estes factos são indesmentíveis. Agora, estou olhar aqui para as pré-reservas e dou comigo a pensar que deveria eventualmente ter trabalhado um pouco mais…

Pedro Aniceto
Publicado em 21 de Outubro, 2023
Tempo de leitura: 3 min
©Apple - iPhone 15
©Apple | Os dois iPhone Pro são feitos numa liga de titânio igual à que a NASA usou nos rovers Perseverance, que enviou em 2020 para Marte.

Estais catitas? Todos bem? Já escolheram que rim vender para comprar um iPhone 15 Pro Max? Estou, obviamente, a gracejar: a minha única dúvida é se é o esquerdo ou o direito. No meu radar de amigos, os fotógrafos foram os primeiros a agitar-se nas cadeiras (e isto, antes de a Keynote ter, sequer, acabado), mas seguiram-se outras fatias generosas de áreas profissionais. Esta estratégia de marketing Apple (e de muitos outros) que nos empurra com muita força para o topo da pirâmide de consumo deveria ser ensinada nas escolas para ver se aprendemos a conseguir resistir-lhe.

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A cultura de desejo do mundo comercial tem muitos e bons discípulos. Os fabricantes não vendem apenas um produto físico: “embrulham” os seus equipamentos e serviços num manto diáfano de experiência de uso e de status. Creio que, no caso da Apple, já ultrapassámos a etapa do status, pela vulgarização e adesão do mercado, mas continuamos a ser brindados com estratégias muito “doces” de incentivo ao consumo. Lembro-me vagamente de um sketch de Seinfeld que dizia ser muito penoso viajar na primeira fila da classe turística de um avião comercial. Isto, porque, quando a cortina divisória da Classe Executiva era fechada, Seinfeld dizia conseguir ler na cara da hospedeira a afirmação «Se tivesses trabalhado um pouco mais…».

É mais ou menos assim que o consumidor se sente quando escolhe um modelo de produto que está “apenas” a quatrocentos euros do topo da pirâmide… é todo um jogo, por vezes demoníaco, entre a realidade da necessidade, do apelo ao melhor e ao mais actual. Obviamente, que nada disto funciona se o ecossistema não funcionar como é suposto. Mas esse não é, definitivamente, um degrau em que a Apple esteja. O ecossistema está bem, recomenda-se e Cupertino carregou, e bem, nos argumentos ambientais, chamando ao marketing a Mãe Natureza (se não viram o vídeo, vejam-no) para ter uma forma engraçada de debitar factos chatos e desinteressantes, numa boa peça de comunicação.

A Apple sabe vender, é um facto, o produto continua a ser desejado e vai evoluindo de forma gradual. Podemos discutir muitas coisas, mas estes factos são indesmentíveis. Agora, estou olhar aqui para as pré-reservas e dou comigo a pensar que deveria eventualmente ter trabalhado um pouco mais…

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Etiquetas:AppleiPhone 15 Pro Maxmarketingsmartphone
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