Em 2007 tive o privilégio de usar os MDR-NC500D da Sony, os primeiros auscultadores com cancelamento activo de ruído a chegarem ao mercado de consumo. Aliás, ainda os tenho e funcionam tão bem como no primeiro dia. Excepto as almofadas, que já se estão a desfazer.
Também ainda tenho os primeiros auscultadores in-ear com cancelamento de ruído activo da Sony, que, na altura, usavam um cabo com uma ficha jack de 3,5 mm e tinham uma peça onde se instalava uma pilha AAA para alimentar o sistema de cancelamento de ruído. A qualidade do som destes auscultadores não era nada de especial, mas o cancelamento do ruído funcionava como dizia na caixa.
- Publicidade -
A Sony nunca parou de investir neste tipo de auscultadores e em 2021 chegaram os Sony WF-1000XM4 e este ano os WF-1000XM5. Como o nome indica, os XM5 são uma evolução dos XM4 e essa evolução nota-se logo quando se tiram da caixa, tanto os auscultadores como o estojo de carregamento são substancialmente mais pequenos que os da versão anterior. O que facilita a utilização e o transporte.
Por fora
Quando se usam, os XM5 ficam bastante mais aconchegados nas orelhas que os anteriores, que deixavam ficar um bom bocado do invólucro dos auscultadores fora das orelhas e também eram um pouco mais pesados.
Apesar de serem mais pequenos, os novos auscultadores incluem também uma funcionalidade de controlo por toque que permite, por exemplo, atender e desligar chamadas telefónicas ou ligar e desligar o cancelamento de ruído activo.
Tal como no modelo anterior, a Sony usa um tipo de ‘memory foam’, em vez de borracha, para as pontas dos auscultadores que ficam dentro das orelhas. Isto torna-os mais confortáveis de usar durante longos períodos. E também, tal como no modelo anterior, estão incluídos 4 pares de pontas para conseguir ajustar os auscultadores ao maior número de diâmetros de canais auditivos possível.
O estojo é semelhante ao anterior, mas, como já referi, é substancialmente mais pequeno. O carregamento da bateria do estojo pode ser feito através de um cabo USB Type-C ou sem fios. O estojo tem apenas um LED na parte da frente para indicar se a bateria está carregada. Mas, nos XM5 o LED passou a ser apenas um ponto luminoso em contraste com a fita do estojo dos XM4. Na parte de trás do estojo, junto à entrada USB, está um botão para colocar os auscultadores em modo de emparelhamento.
- Publicidade -
O emparelhamento funciona como em quaisquer outros auscultadores Bluetooth, mas, para tirar partido de todas as funcionalidades, programar o sistema de toque e outras funções tem de se instalar uma aplicação. A app não faz justiça aos auscultadores, mas vou falar dela um pouco mais à frente.
Por dentro
A Sony não deixou nada ao acaso no que toca ao hardware interno destes XM5. Redesenhou o diafragma dos altifalantes, chamando-lhe Dynamic Driver X, num esforço de melhorar o desempenho, principalmente na reprodução dos graves e da voz.
Para captar som para o sistema de cancelamento de ruído e para as chamadas telefónicas, os XM5 têm 3 microfones em cada auricular Todo este hardware é coordenado pelo processador V2 e pelo novo processador dedicado ao cancelamento de ruído QN2.
Estes auscultadores também têm a funcionalidade Sony 360 Reality Audio. Esta funcionalidade usa metadados incluídos nos ficheiros de áudio, para descrever o posicionamento de cada instrumento e assim criar um campo sonoro a 360 graus à volta do utilizador.
A aplicação
Se os Sony WF-1000XM5 têm um design cuidado, a aplicação parece que foi criada para uma versão longínqua de um qualquer sistema operativo para dispositivos móveis e que nunca mais foi actualizada.
Não quero dizer com isto que a aplicação não cumpra os objectivos para que foi criada: configurar e gerir as funcionalidades dos auscultadores da Sony e também fazer actualizações do firmware. A app permite fazer tudo isto de uma forma mais ou menos simples (excepto as actualizações que demoram sempre uma eternidade), mas podia ter um design mais cuidado e apelativo.
A aplicação é transversal aos vários modelos de auscultadores sem fios da Sony e permite definir o que cada toque faz, o equalizador, programar predefinições consoante as actividades do utilizador, como andar, correr ou viajar e ligar (ou desligar) a funcionalidade de ‘falar para parar’ que detecta que o utilizador está a falar e pára a música ou desliga o cancelamento de ruído para que possa ouvir o que se passa á sua volta.
Como disse no início desta secção, a app faz tudo o é anunciado, mas merecia um design mais apelativo e também que algumas das funcionalidades tivessem mais á vista.
Utilização e qualidade do som
Usei os WF-1000XM5 em três situações diferentes: em casa, a andar na rua e num avião com recurso à playlist ‘Songs to Test Headphones With‘ do Spotify tem uma mistura de temas que puxam pelos auscultadores para ver como se comportam em várias situações e tipos de som.
Na rua, o sistema de cancelamento de ruído fez o que pôde, mas a natureza caótica do ruído urbano não pode ser totalmente isolada, mesmo pelos melhores auscultadores do mundo. Dito isto, a experiência de utilização dos WF-1000XM5 em ambiente urbano é boa mesmo assim. Eles não gostam muito é de vento porque se ouve bastante quando fica um pouco mais forte. Curiosamente, com os WF-1000XM4, o vento não se nota tanto, provavelmente por serem maiores e cobrirem uma área maior do ouvido.
Em casa, não há nada a dizer. Quando se colocam nas orelhas, parece que se entra num estúdio de gravação. O som ambiente é completamente eliminado. Claro que, se estiverem pessoas a falar junto ao utilizador, ouvem-se alguns murmúrios, o que é normal, visto que o cancelamento de ruído activo não consegue eliminar todas as frequências a tempo durante uma conversa.
Os sistemas de eliminação de ruído são mais eficazes com ruído constante, como o que ouve dentro de um avião em voo, de um comboio ou de um autocarro. Por isso, dentro do avião, os WF-1000XM5 brilharam. A experiência do cancelamento de ruído é quase igual à que se consegue em casa.
De uma forma completamente empírica, posso dizer que o cancelamento de ruído dos WF-1000XM5 não é espectacularmente melhor que o dos WF-1000XM4. O tempo de resposta é um pouco mais curto, mas a experiência de utilização é sensivelmente a mesma.
A Sony diz que o som nos WF-1000XM5 é melhor que na geração anterior. Realmente, os graves são mais potentes, mas em tudo o resto são iguais ao dos WF-1000XM4. O problema com a qualidade do som nos auscultadores sem fios é a largura de banda da ligação Bluetooth, que simplesmente não chega para conseguir reproduzir som sem perdas de qualidade. A maioria dos utilizadores pode não notar, mas elas estão lá. Basta fazer este exercício, num computador, experimente ouvir um tema em formato FLAC com auscultadores com fios e depois ouça-o com auscultadores Bluetooth. De certeza que consegue notar uma diferença.
Preço: €320
Olá. Em primeiro lugar não estou de acordo,e não só eu,que os xm5 tenham mais graves que os xm4.
Algo que ainda ninguém falou, as borrachas são bem melhores,a sujidade não adere tanto e são mais resistentes.Em termos de som as vozes soam melhor.
Mais difícil de saber a posição do Phone na orelha,não é o encaixe,é saber se o Phone está na posição correcta. O resto estou de acordo com o vosso teste.
Cumprimentos.
Rui Coucelo.
Os problemas crónicos de erros relacionados e desempenho medíocre em relação à longevidade deve ser explicada a potenciais compradores. Tenho o modelo anterior e sou só mais um entre milhares que os deixou de poder utilizar simplesmente porque um dos auriculares, totalmente carregado, fica sem bateria. Isto aconteceu no modelo 3, no 4 e noutros alimentados pela famosa pilha ZenPower. Muito mau para quem investe um bom dinheiro na excelência