O Ubuntu 13.04 Raring Ringtail, lançado em 2013, tinha como principal foco o desempenho, em especial para computadores com poucos recursos: 512 MB de memória RAM era o mínimo recomendado, assim como um processador de 700 MHz, um disco de 5 GB e um monitor com, pelo manos, uma resolução de 1024 x 768, ligado por VGA. Há dez anos, o grau de exigência não era assim tão grande – tanto assim era, que uma característica que os utilizadores aguardavam nesta versão, era o ‘Smart Scopes’. Isto permitia redefinir os resultados de pesquisa e de privacidade no dash (o botão de pesquisa de ficheiros e aplicações, no menu inicial do ambiente gráfico Unity 7), uma preocupação por parte da comunidade, aquando da integração com o Amazon Search.
Também o Mir (um servidor gráfico e gestor de janelas que ia substituir o X11) só foi lançado na versão seguinte, apesar de, agora, o ‘mutter’ ser parte integrante das novas versões, com uma melhor integração no Wayland.
A cada actualização, o sistema ficava melhor e sempre com um kernel mais recente estável, nesse ano, ainda na versão 3.8. Ao compararmos as duas versões, num espaço temporal de dez anos, as diferenças são da noite para o dia: apesar de o sistema estar muito “amigável” em 2013, ainda era necessário correr comandos no ‘Terminal’ e nem sempre a instalação corria bem à primeira, mesmo em equipamentos diferentes. Ainda recordamos o tempo da documentação com o passo-a-passo necessário após cada instalação e, no final, era divertido – uma aprendizagem e sensação de sucesso.
Esta nova versão é, para quem já acompanha o Ubuntu à mais de dez anos, o esperado e aquilo que de melhor é possível em 2023. Se o ‘tempo e imprevisto’ não nos baterem à porta antes, daqui a dez anos, faremos uma retrospectiva com as diferenças. Agora, vamos ver em detalhe três das principais novidades da versão 23.04.
Gnome 44
Esta é a última versão estável do ambiente gráfico, lançado em Março deste ano, considerada por muitos a melhor de sempre. Aqui, temos uma série de melhorias, como por exemplo, no Nautilus (o gestor de ficheiros gráfico padrão) e no modo de visualização (que está mais simples e prático, estando de volta o tão desejado expandir de pastas, que tinha sido retirado). O novo menu rápido, localizado no canto superior direito da janela, apresenta agora as aplicações abertas, permanecendo visível, mesmo que a janela principal seja fechada, sem contar com os acessos para gestão do Bluetooth e mais opções de navegação. Depois, temos as ligações VPN criadas pelo Wireguard: estão mais fáceis de gerir no painel de rede, agora com o recurso a códigos QR, por exemplo, para partilha de passwords na rede Wi-Fi. O menu de início de sessão no Gnome 44 destaca mais os ícones dos utilizadores e o painel de ‘Acessibilidade’ está visualmente mais prático, com as opções divididas por abas, em vez de tudo concentrado numa única.
Finalmente, o touchpad e o rato têm agora mais opções de animação e precisão; e o menu de instalação de aplicações permite listar apenas os resultados de soluções de código aberto, bem como procurar os snaps, por categorias. Para ver todas as características do Gnome 44 pode aceder ao site release.gnome.org/44.
Novo instalador
A simplicidade no instalador é algo que já faz parte do historial da Canonical. O novo está mais aprimorado, com um visual actual, cantos arredondados e boa escolha de cores, bem como actualização das imagens no processo de instalação e na ordem. A base do desenvolvimento é em Flutter e, na durante a nossa experiência, não foi detectado qualquer erro de instalação, mesmo com a versão beta.
Segurança e desempenho
A cada nova versão do Ubuntu, a segurança e o desempenho tendem a melhorar. Como tal, as várias aplicações instaladas de base sofreram actualizações para as versões estáveis mais recentes, bem como o Kernel 6.2, compatível com processadores actuais e com um melhor desempenho em jogos, com os drivers de código aberto Mesa 23. Com isto, ficamos com a sensação de haver uma melhor gestão de recursos de memória RAM e processamento, nesta versão.
Vale a pena instalar?
Esta não é a versão LTS (long-term support) e, por isso, se é um utilizador mais conservador, aconselhamos a que este o Gnome 44 apenas numa máquina virtual: desta forma, pode acompanhar as novidades e contribuir com alguma sugestão para que a versão final, que sairá em 2024. Se for como nós, que instalamos versões beta, vai notar que os erros encontrados há alguns anos, já não são identificados com tanta frequência. Por exemplo, criptografar a nova instalação é uma boa prática e não apresenta nenhum erro, o que acontecia em versões anteriores.
Conclusão
Fico sempre entusiasmado ao testar novas versões e ver a evolução do Ubuntu, o trabalho e a escolha que a Canonical faz, sempre visando os novos utilizadores. Quem já usa sistemas Linux há algum tempo, pode exigir mais opções: por exemplo, eu gostaria de ter opção de escolha para mudar o sistema de ficheiros para btrfs, numa instalação-padrão, como o Manjaro ou outras distribuições permitem. Com tanta variedade, é muito mais simples adaptar os gostos a uma realidade individual, hoje em dia.