As placas, circuitos e outros componentes de dispositivos electrónicos que deixam de ser usados têm, quase sempre, metais preciosos; quando os equipamentos vão para o lixo ou são reciclados, o processo de retirar estes elementos nem sempre é linear.
Contudo, há bons exemplos da eficácia deste tipo de iniciativa: por exemplo, as medalhas dos Jogos Olímpicos de Tóquio (2021) foram criadas com metais reaproveitados de lixo electrónico, como smartphones e computadores.
Em Portugal, uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra quer facilitar a opção por este tipo de processo e está a estudar um «processo inovador para recuperação de materiais valiosos da indústria electrónica». O objectivo é fazer com que estas matérias-primas «possam ser novamente incorporadas na cadeia de valor» – ou seja, voltar ao mercado.
«A ideia é encontrar um processo combinado, químico e biológico, para a recuperação de metais críticos e de alto valor a partir de resíduos eléctricos e electrónicos de computador», explica uma das responsáveis pelo estudo, Paula Morais.
O processo que está em cima da mesa deste grupo de cientistas (do qual fazem ainda parte Ana Chung, Pedro Faria, José António Paixão e Licínio Ferreira) envolve «bio-lixiviação a partir de resíduos gerados por parceiros industriais no projecto» e «bioacumulação selectiva de metais após tratamento químico dos resíduos».
Aqui, a inovação está no facto de o «sistema de recuperação de metais ser misto», neste caso, «químico-biológico». Em concreto, os cientistas da Universidade de Coimbra querem retirar «ouro, platina e prata, índio e gálio de computadores e equipamentos de telecomunicações em fim de vida».
Para começar, a equipa vai fazer um «diagnóstico para identificar e mapear o ecossistema português do setor da microeletrónica»; só depois, os cientistas avançam para os «processos microbiológicos e químicos de reciclagem de metais preciosos», conclui Paula Morais.
A investigação, conduzida pelos investigadores da Universidade de Coimbra, acontece no âmbito da Agenda Microeletrónica do Plano de Recuperação e Resiliência, com um financiamento de trinta milhões de euros.