Quarenta anos após o nascimento oficial da Internet, um dos mais importantes protocolos de comunicação definidos na altura é, ainda hoje, responsável pela maioria do seu tráfego. O protocolo de Internet versão 4 (IPv4) fechado em 1983 tinha como objetivo que todos os computadores ligados à rede tivessem o seu próprio endereço único (IP). Na altura, os mais de quatro mil milhões de endereços disponíveis no IPv4 aparentavam ser suficientes, mas a exponencial adopção da Internet rapidamente demonstrou o contrário. E foi logo no final da década de oitenta, que se começou um processo de “remendos” tecnológicos para solucionar um problema de fundo, que até hoje ainda não tem uma solução definitiva.
O Network Address Translation (NAT) foi a estrutura intermédia que permitiu que em vez de requisitar um IP por computador, se pudesse consumir apenas um IP por cada rede privada (ou seja por cada casa ou empresa ligada à internet). O NAT continua a ser uma solução essencial para que todos os dispositivos conectados numa rede local não consumam mais do que um IP. Mas não resolve o problema emergente de dispositivos que se ligam directamente à Internet através de um operador móvel.
A solução estrutural base para as limitações do IPv4 foram também solucionados no protocolo consequente (IPv6) que, não só suporta triliões de triliões de IP (3.4 x 1038) como é também mais eficiente, simples e seguro. No entanto, devido à sua natureza, o IPv6 não é retrocompatível com o IPv4 e não existe uma forma universal de fazer uma conversão. Ou seja, apesar de, no futuro, ser expectável que a comunicação em IPv6 seja universal, de momento, ainda estamos muito longe de atingir esse objetivo, pois muitos dos serviços que utilizamos on-line ainda foram e continuam a ser desenhados com base em IPv4.
Mas a forma mais infame de contrariar a limitação do número de IP disponíveis é, seguramente, o Carrier-Grade NAT (CGNAT): basicamente, é um NAT implementado por parte do ISP que deixa os utilizadores sem um IP único e, por consequência, sem possibilidade de endereçamento local de qualquer tipo de serviço interno no dispositivo ou rede, riscos de autenticidade de origem em VPN Sites seguros (SSL) e jogos on-line.
Basicamente, uma perda da qualidade do serviço fornecido aos utilizadores que infelizmente já está em vias de ser implementado por alguns operadores nacionais. Apesar de poder não ser relevante para os utilizadores mais básicos, temo que, até agora, aquilo que fazia parte de qualquer acesso à Internet possa, em breve, passar a ser considerado um serviço com um custo-extra.
Este serviço será ainda essencial para sistemas de vigilância, automação, IOT e armazenamento em casa, que sejam totalmente independentes de estruturas na nuvem. Como tal, fica a minha recomendação para que, no momento de contratação ou manutenção de um serviço de Internet, se assegura de que o mesmo vem com a segurança de um IP próprio, mesmo que seja dinâmico.
Garantidamente tera sido mais difícil aplicar as medidas de segurança do COVID, do que pode ser a implementação do IPv6. Praticamente todos os dispositivos de rede já suportam IPv6. O que falta é ir desligando, aos poucos, o acesso por IPv4, “forçando” a configuração para IPv6. Sinceramente não vejo nenhum problema nisto, nem qual a dificuldade!
Praticamente todos os dispositivos de rede já suportam IPv6 ???
Nem os dispositivos, nem tantas e tantas tools, network ou otherwise, nem sites têm tido interesse em ser acessiveis por ipv6 (20% ao que sei), nem os skills necessários existem por parte dos netadmins, sysadmins e network engineers. E nem falo dos recursos/custos necessários para “forçarem” a migração para full ipv6. Sinceramente vejo muitos problemas e dificuldades há 20 anos, isto parece a tentativa de adopção do OSI stack há umas décadas vs TCP/IP. TSAPs e NSAPs e o Ln domains e o diabo
Infelizmente já se verifica nos serviços de de dados móveis, uma perca considerável na qualidade do serviço e os problemas que daí advém para muitos utilizadores