ÍcAro

Por: André Gonçalves
Tempo de leitura: 3 min
rawpixel/Freepik

Tenho acompanhado de forma interessada a evolução da inteligência artificial nos dois últimos anos. Estou realmente impressionado com os avanços exponenciais que têm ocorrido nesta área do conhecimento e na forma como a sua aplicabilidade afecta e vai afectar ainda mais as nossas vidas.

Especialmente interessante foi o facto de, a par das muitas tecnologias proprietárias que vieram a público, terem surgido várias ferramentas de código aberto que todos colaborativamente podemos analisar e melhorar. Ainda mais surpreendente foi o conjunto de web apps que, de uma forma extraordinária simples, põem nas mãos de todos os curiosos e entusiastas a capacidade de as experimentar, e por inerência, melhorar as mais diversas aplicações de inteligência artificial.

Mas estas entusiasmantes oportunidades para todos podermos interagir com estas estimulantes tecnologias podem não ser inocentes por parte de quem as disponibiliza. Digo isto, porque a melhor forma de melhorar uma aplicação de inteligência artificial é através da sua exposição a casos reais. Tal como uma criança, estas aplicações evoluem com a tentativa e erro, logo quanto mais expostas a problemas criados por utilizadores reais, maior é a capacidade de os conseguirem resolver, com melhores e mais naturais resultados. Por isso, é importante fazê-las chegar a uma audiência o mais real e diversa possível, num processo simples e aberto ao escrutínio público dos resultados, mesmo que para isso seja preciso destapar o véu que está sobre a tecnologia que se está a trabalhar. Até porque, em inteligência artificial, muito mais que os processos ou os resultados conseguidos, a aprendizagem artificial adquirida será o factor-chave do sucesso.

Com isto, o facto de sermos, ou não entusiastas, desta forma de tecnologia é também pouco relevante para a forma como vai mudar as nossas vidas, como interagimos com os outros e, principalmente, com empresas e com os seus serviços. Neste momento, a corrida para resolver os problemas do vale da estranheza ou teste de Turing está ao rubro, simplesmente porque a aplicação prática da sua solução será extremamente rentável.

Agora, resta-nos aceitar que o que eram, até agora, capacidades únicas dos seres humanos, passam a ser possíveis de replicar com exímia e superior eficiência por máquinas, cabendo-nos a nós a função de as gerir com ética e, acima de tudo, humanidade neste incrível novo mundo, onde um pensamento humano e um conjunto de círculos computacionais produzem resultados indistinguíveis uns dos outros.

 

 

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Se não pensares nisso, alguém vai fazer-lo por ti.
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