A próxima grande bolha

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 3 min

Inevitavelmente, os relatórios elaborados em Wall Street, e locais análogos, pelo resto do planeta, vomitam previsões no final de cada ano, antecipando aos potenciais investidores o que fazer com o dinheiro no ano seguinte. Não raras vezes, quando regressados das férias na neve ou de uma qualquer praia exótica e colocados de novo em frente aos seus terminais, esses relatórios já foram por água abaixo.

Que nunca leve de mim o leitor afirmações tal de modo taxativas que tornem qualquer previsão uma inevitabilidade. Certezas nem a malta de Davos tem. De nada. Já olhando para trás, de certeza que muitos de nós teriam colocado dinheiro nuns quantos projectos pelos quais não antevíamos futuro e que se tornaram aqueles seres imaginários cada vez mais comuns.

Em Novembro do ano passado a OpenAI mostrou ao mundo o que era possível fazer com o ChatGPT e, num passe de magia (que é que como quem diz, ‘depois de milhões de pessoas o testarem, ficarem maravilhadas e rendidas com as potencialidades da inteligência artificial’) todos os analistas apontaram na sua direcção.

Há já alguns anos que são justificadamente debatidos os princípios éticos da inteligência artificial. Sendo que, maioritariamente, estes são baseados nos princípios de bioética e que o desenvolvimento de produtos ou serviços de IA não esgotam nos limites de qualquer profissão, a probabilidade de uma má utilização da mesma são mais que óbvios. Impõem-se, digo eu, a criação de mecanismos de supervisão e responsabilização.

Início de ano é mês de CES. E a feira deste ano transpirava IA por todos os poros de Las Vegas. De um deles, e que não vejo que nos coloque em perigo imediato, saiu a utilização de IA num forno da Samsung. O Bespoke utiliza um algoritmo baseado em IA para, em conjunção com uma câmara, reconhecer mais de cem pratos, ingredientes e oferecer recomendações de como os cozinhar ou até avisá-lo(a) de que o seu prato está a esturricar. Mais: pode até sincronizar com a sua conta Samsung Health e oferecer-lhe ideias de receitas alinhadas com a sua dieta. E não ficaria completo este forno, se não permitisse um livestream directamente para o seu smartphone e/ou redes sociais do que está a cozinhar. Estranha realidade a nossa que estamos tão longe e tão perto dos fornos a lenha lá da aldeia.

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