Linux Mint: um Ubuntu melhorado?

O Ubuntu é a base de muitas distribuições Linux, inclusive do Mint, cuja versão 21 foi recentemente lançada. Vamos destacar algumas mudanças, bem como as características diferenciadoras que fazem com que esta distribuição seja uma das mais usadas.

O Linux Mint é uma distribuição muito popular e está no top cinco das mais descarregadas regularmente – esta nova actualização não ficou nada atrás da que foi feita ao Ubuntu. O seu belo aspecto gráfico é consensual, muito devido ao desenvolvimento do Cinnamon, bem como um boa relação entre o desempenho e aproveitamento dos recursos do hardware, em especial na memória. As melhorias têm sido notórias desde o primeiro lançamento em 2006, tornando o seu uso cada vez mais simples para quem tem menos experiência ou esteja habituado ao Windows. Talvez por isso, muitos digam que o Linux Mint é um «Ubuntu melhorado». Entendemos este comentário, mas não achamos justo, porque a busca da melhor distribuição está relacionada com o que se procura e o Linux Mint, apesar de, na abordagem, ser muito semelhante ao Ubuntu, tem características-extra diferenciadoras; contudo, para certos utilizadores, existem aspectos menos positivos. Sendo assim, dizer que existe competição entre ambas, ou que uma é melhor que a outra, não é, de todo, correcto.

Linux Mint 21
Apesar de ser possível usar o Linux Mint com os ambientes gráficos Xfce e Mate, o nosso foco será no Cinnamon, que teve o Gnome como base, visto ser inegável o bom trabalho que foi feito neste ambiente. A versão 21 do Linux Mint (nome de código ‘Vanessa’) usa o Kernel 5.15, o mesmo que o Ubuntu 22.04, tem apoio técnico até 2027 e vem com o ambiente gráfico Cinnamon na versão 5.4, com uma das grandes melhorias no gestor de janelas Muffin, que agora tem como base o Mutter 3.36.

Apesar de, no início do seu desenvolvimento, o Muffin ter tido como base o Mutter 3.2, a ideia era tornar o Cinnamon compatível com todas as distribuições Linux. No entanto, com o passar o tempo, passaram a existir diferenças significativas entre dos dois, que dificultavam o desenvolvimento; por isso, esta nova versão tem um ‘rebase’ limpo do Mutter. Também a renderização das janelas é agora feita pelo tema GTK, o que não acontecia anteriormente – isto tem vindo a contribuir para um melhor desempenho do sistema. Apesar de já não ser possível fazer configurações diferentes (porque existe um conjunto-padrão mais limpo que anteriormente), as animações foram melhoradas e é possível configurar a sua velocidade.

Ao nível de dispositivos Bluetooth, o Blueberry (que dependia da biblioteca gnome-bluetooth) foi substituído pelo Blueman. Esta mudança veio melhorar a ligação com auscultadores e perfis de áudio, bem como dar mais informação sobre os dispositivos ligados, que fica visível na barra de ferramentas.

Ao nível de impressoras e scanners, é usado o IPP, um protocolo-padrão que faz a comunicação sem que seja necessário instalar drivers proprietários. Mesmo assim, se a impressora não funcionar, basta desinstalar os pacotes ipp-usb, airscan e usar os drivers do fabricante. Também existem mais melhorias que facilitam a desinstalação de aplicações que dependem de PPA e de drivers de placas gráficas da Nvidia.

Os detalhes fazem a diferença
Para alguém que nunca usou uma distribuição Linux, o primeiro contacto com o Linux Mini deverá ser positivo – há detalhes que consideramos importantes e que ajudam numa boa primeira experiência. Por exemplo, o menu de boas-vindas mostra como fazer as primeiras configurações: personalização de cores e aspecto, cópias de segurança, instalar ou desinstalar actualizações e pacotes, firewall, gestor de controladores, documentação, onde encontrar ajuda e como contribuir voluntariamente para o projecto. Foram ainda criadas várias ferramentas gráficas que tornam desnecessário o uso do terminal Linux, o que facilita toda a manutenção do sistema; mesmo a sua estabilidade, com o passar do tempo, é impressionante.

O visual do Cinnamon é bastante familiar para que está acostumado ao Windows, o que faz com que a experiência de utilização seja bastante suave, para qualquer utilizador.

Conclusão
A experiência que tive com esta nova actualização foi, sem dúvida, muito positiva. Usei o mesmo hardware onde foi instalado o Ubuntu 22.04 e notei logo uma diferença: maior rapidez no arranque do sistema, com o disco encriptado. Achei a navegação com o Cinnamon mais fluida e a abertura de aplicações mais rápida que no Ubuntu. Acredito que isto esteja relacionado com o uso dos snaps no Ubuntu. A sensação que tive foi a de um melhor funcionamento do Linux Mint 21 no hardware testado, o que não significa que, com outras características, o resultado fosse diferente – por isso, poderei estar a ser injusto no resultado. Confesso que não é a minha escolha para uma distribuição para uso diário, mas, da experiência que tenho, é das principais alternativas, em especial para quem nunca usou sistemas Linux.