Telegram Road

Por: António Simplício
Tempo de leitura: 3 min
Dimitri Karastelev/Unsplash

Then came the churches, then came the schools
Then came the lawyers, then came the rules
Then came the trains and the trucks with their loads
And the dirty old track was the Telegraph Road

Acima, provavelmente, identifica um trecho de uma faixa dos Dire Straits que ilustra a conquista do Oeste americano pelos colonos, no que foi um enorme banho de sangue sobre os indígenas.

Assistimos, dois séculos depois, no Leste europeu, a um paralelismo na barbárie, mas neste caso destroem-se as igrejas, as escolas, as linhas de comboio, os camiões de ajuda alimentar e os advogados – as leis pouco podem fazer. No entanto, na Ucrânia, é também o Telegram que tem marcado a diferença.

Também artista virado herói, Zelensky tem usado a app Telegram para, desde o início da invasão russa, divulgar a mensagem do que se passa no terreno ao resto do mundo e comunicar com os seus comandantes, assim que houve percepção de que as comunicações ucranianas seriam alvo de intercepção.

A mais-valia do Telegram sobre o WhatsApp ou o Signal é a sua estrutura híbrida. Podem-se criar canais públicos ou privados com um número ilimitado de membros e grupos de até duzentos mil utilizadores, tornando-se assim uma plataforma poderosíssima de broadcast. E o presidente ucraniano soube utilizá-la da melhor forma. Fosse em comunicação encriptada ponto-a-ponto com os seus comandantes ou num canal público para, através de vídeo em direto (ou não), mostrar ao mundo a sua presença no terreno e as atrocidades cometidas.

A música continua: «Then there was the hard times, then there was a war/
Telegraph sang a song about the world outside…»

Curioso é o facto de a plataforma ter sido criada por um cidadão russo e ser das principais ferramentas usada pelos seus compatriotas para obterem informação não-filtrada pelo Kremlin. Ou mais curioso será que esse programador, Pavel Durov, tenha referido que, há pouco anos, «um regime autoritário teria tentado obter o código do servidor» para lançar a sua própria plataforma de mensagens, o único código da plataforma que é fechado, dado que o código das apps é livre e publicado.

Livre seja também a Ucrânia.

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