Preservar os videojogos

Por: André Gonçalves
Tempo de leitura: 3 min
Sigmund/Unsplash

Os videojogos tal como outras formas de entretenimento e cultura são, na maioria dos casos, originalmente concebidos como produtos comerciais. Alguns deles, pela sua inovação e qualidade, chegam a atingir o estatuto e reconhecimento equivalente ao de uma obra de arte. Mas os videojogos, por serem desenvolvidos para uma tipologia mais ou menos definida de hardware (tipicamente consolas, computadores ou telemóveis), têm o seu fim de vida marcado, assim que esse hardware fique ultrapassado e deixe de ser comercializado.

Mas se um livro, música ou filme pode ser facilmente convertido para ser usufruído num formato actual, tirando algumas excepções, não existe forma de jogar um videojogo antigo numa plataforma nova, especialmente se esse jogo não tiver sido um sucesso comercial.

Capitalizando o saudosismo de alguns jogadores mais velhos, surgiu recentemente a tendência de recriar e remasterizar alguns dos melhores jogos em novas plataformas e até mesmo criar plataformas novas pensadas para jogos antigos. No entanto, esta é uma forma muito limitada de poder aceder a uma ínfima parte dos milhares de videojogos que foram criados ao longo dos últimos sessenta anos.

Existem também vários aficionados e coleccionadores espalhados pelo mundo que se esforçam por acumular e manter jogos e respectivas plataformas em pleno funcionamento. Mas, por limitações físicas e monetárias, tipicamente essas coleções focam-se numa plataforma, época ou número limitado de plataformas. Por outro lado, esses conteúdos ficam também apenas disponíveis para uma elite de coleccionadores ou num dos poucos museus que existem de acesso púbico e utilização limitada.

É paradoxal que uma das mais recentes formas de entretenimento e cultura seja também a mais complicada de preservar após o seu período de viabilidade comercial. Mas, neste aspecto, a evolução tecnológica joga a favor da preservação, com o acesso a equipamentos mais poderosos os interessados podem emular plataformas de jogo mais antigas e, assim, experienciar os conteúdos mais antigos desenhados para equipamentos que já não estão à venda. No entanto, a emulação continua a ser uma área cinzenta da computação, pois muitos videojogos e plataformas mantêm os seus direitos de autor muito além do tempo de vida comercial.

Para contrariar esta enorme perda cultural, é de louvar o esforço de curadoria do Internet Archive que, no seu portal, disponibiliza títulos antigos que podem ser jogados directamente no browser, tornando-os assim acessíveis a todos os interessados em experienciar os pormenores menos conhecidos da História dos videojogos.

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