«O Lisbon Tech Hub exporta tecnologia para os cinco continentes»

Por: High-Tech Girl
Tempo de leitura: 5 min

O sonho de seguir Medicina deu muito cedo o lugar ao interesse pela tecnologia. Mestre em Engenharia Informática, Cláudia Mendes Silva é ainda mentora do Founder Institute Lisbon e membro residente do Business Agility Institute em Portugal. Cláudia Mendes Silva trabalha activamente para aproximar as mulheres do mundo da tecnologia e a reduzir o gap de género, neste sector.

O que a levou a seguir Engenharia Informática e qual é a sua área de interesse no âmbito das tecnologias?

Aos catorze anos, na fase de decisão da área específica de estudos no ensino secundário, o meu pai, engenheiro de profissão, ofereceu um computador pessoal aos filhos, no Natal. Nas férias de Verão, fiz um curso de programação e a ideia de seguir Medicina ficou para trás.

Explorar a potencialidade daquela máquina, e as respostas que poderia trazer para tarefas do dia-a-dia, era fascinante, na época. Fiz um curso técnico-profissional de Informática, fui única mulher na turma, e segui, naturalmente, Engenharia Informática. Desde essa altura, fascina-me a Inteligência Artificial: a capacidade de potenciar e expandir a capacidade humana, olhando para padrões e relacionamentos nos dados que, a nós, naturalmente nos escapam.

Fale-nos do Lisbon Tech Hub da Siemens e da sua actividade como Project Manager.

O Lisbon Tech Hub é um centro de competências internacional de tecnologias de informação que a Siemens tem em Portugal e que actua em diferentes áreas como a cibersegurança, inteligência artificial, robótica, transformação digital, realidade virtual e aumentada, entre outras.

Tem hoje mais de mil especialistas em tecnologias de informação que exploram e potenciam as oportunidades que a digitalização proporciona, em todas as áreas de intervenção da empresa, da indústria à energia, passando pelas infra-estruturas e os transportes, e as exportam para os cinco continentes.

No momento, colaboro na área de gestão de projectos num programa de transformação digital da Siemens Energy. Entre outras actividades que desenvolvo, saliento a coordenação e gestão da comunicação com os stakeholders estratégicos, controlo e definição de qualidade e controlo orçamental.

É embaixadora da Women in Tech em Portugal. Em que consiste este papel? E que acções são desenvolvidas por esta organização em Portugal?

O meu papel como embaixadora passa pela criação de relações entre entidades governamentais e organizações privadas para criar eventos com a voz das mulheres da tecnologia, em contexto nacional e internacional. Também faço a articulação e parcerias com eventos tecnológicos, patrocínio da participação das camadas jovens e em processo de decisão de carreira em eventos tecnológicos, atribuição de bolsas de programas de empreendorismo para mulheres, mentoria em programas de aceleração de ideias e mentoria para reclassificação de carreira, usando a tecnologia como impulsionador dessa mudança.

Uma iniciativa que apadrinhamos com o apoio da Siemens, foi a organização de um dia dedicado às Engenharias e Tecnologia, no Campus do Lisbon Tech Hub, para cem jovens mulheres entre os 17 e 23 anos. Estamos, neste momento, a alargar as nossas redes de parcerias e convidamos as organizações tecnológicas com presença em Portugal a juntarem-se a nós.

Para as jovens que sonham com uma carreira na área das tecnologias em Portugal, qual seria o seu conselho?

O que posso fazer com os conteúdos e a programação que aprendo, no futuro? É uma das dúvidas que me recordo de ter durante os anos de faculdade. Existe uma disparidade entre o conteúdo que se aprende e como este se aplica em projectos reais e nas organizações.

Esta linha cinzenta pode, e é muitas vezes mitigada, com o envolvimento das escolas em programas com empresas tecnológicas e redes de mentoria. O facto de a Universidade de Coimbra ser parceira do Instituto Pedro Nunes ajudou-me na integração em projectos reais, durante o percurso académico.

O contacto com profissionais que sirvam de modelos de referência, com comunidades que se organizam à volta de temas de tecnologia e a experimentação de estágios de verão em empresas tecnológicas, são soluções que ajudam a tomada de decisão consciente. A área de tecnologia é tão abrangente e tão fascinante que vão encontrar, por certo, uma área que vai de encontro à vossa paixão. Nunca desistam, tenham sempre confiança nas vossas capacidades.

Sou jornalista e tenho interesse pelos mais variados temas, mas a tecnologia vem em primeiro lugar. Gosto de escrever sobre e para mulheres porque estou farta de ouvir que tecnologia é uma coisa de homens.
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