«Através da tecnologia vamos construir o futuro das pessoas e das sociedades»

Por: High-Tech Girl
Tempo de leitura: 5 min

Licenciada na área da Saúde, empreendedora, lançou em 2017 a app Keep Warranty, para ajudar pessoas de todo o mundo a ter sempre à mão os documentos de garantia dos equipamentos que têm em casa, com notificações e outras funcionalidades úteis.

Da medicina para o mundo da tecnologia: como foi esta transição?
A preocupação de cuidar dos outros faz parte de mim ,e ao longo da minha carreira sempre tive essa consciencialização. Durante a faculdade estive ligada à investigação, no entanto, mais tarde, tanto em Angola como em Portugal, acabei por ser seduzida pelo mundo dos negócios. Num momento pós-COVID-19, em que se vive aquela que será uma das maiores crises de todos os tempos, percebo que o meu percurso, customer centric, de quase duas décadas é de grande valor e que através da tecnologia vamos construir o futuro das pessoas e das sociedades.

Como surgiu a Keep Warranty?
Aos domingos, temos por hábito almoçar em família e em seguida fazer competições de PlayStation entre adultos e crianças. Nesse domingo, a PlayStation não ligou e a primeira questão foi precisamente: onde está a factura? Ninguém sabia, e não pudemos fazer uso da garantia. Perante este cenário, e dado ao nosso espírito empreendedor, pensámos numa solução para ajudar os milhões de pessoas que sofrem de um problema comum: não saberem onde estão as facturas, e outros documentos.

Como é que a app se situa hoje, no mercado?
A Keep Warranty foi lançada em final de Outubro de 2017, para Android e iOS. Por se tratar de uma aplicação global, está disponível em praticamente todo o mundo em mais de sete línguas. Os nossos utilizadores têm idades entre 25 e 55 anos, são ‘digital savvy’ ou mais tradicionais e vêem em nós segurança e facilidade.
No início deste ano chegámos, organicamente, aos cem mil downloads, prova de que estamos focados no consumidor. Com a plataforma consolidada, em Fevereiro demos o segundo passo, sendo desde então possível a contratação de seguros de forma totalmente digital. A área seguradora continua a ser uma das mais tradicionais, e mais do que nunca precisa de soluções disruptivas como a Keep Warranty, um novo canal de distribuição, que permite contratar um seguro vida e não vida de forma simples, rápida, e digital.

No âmbito da tecnologia, tem mais projectos em desenvolvimento ou está mais focada no crescimento da Keep Warranty?
Sendo o meu grande foco a Keep Warranty, na área tecnológica sou ainda Partner da SmartConsult.tech, uma empresa de cibersegurança que actua a vários níveis, nomeadamente na prevenção e detecção de risco, através dos tradicionais testes, mas com uma componente de monitorização humana 24/7 dos sistemas; na área da formação capacitamos os quadros a entender, lidar e a protegerem-se dos vários tipos de cibercrime; trabalhamos também com análise avançada de redes sociais, nos campos da social intelligence, usando sistemas com inteligência artificial que até nos permitem detectar e prevenir ameaças várias de forma precoce. Por último, damos consultoria específica nestas áreas com projectos especiais.

Tem uma preocupação especial em apoiar as mulheres empreendedoras. Como acredita que seria possível aumentar o número de mulheres no universo da tecnologia?
Ser a fundadora da Keep Warranty num momento em que o empoderamento feminino é um tema altamente discutido, tem igualmente servido para inspirar outras mulheres a acreditarem em si e a seguirem os seus caminhos. Em vários fóruns onde participo, enumero sempre três temas fulcrais na discussão deste tema: promover a educação de mulheres nas áreas STEM, dar palco a role models femininas, e criar mais comunidade de entreajuda. Acredito que, só conseguimos aumentar o número de mulheres no universo tecnológico com um trabalho concertado das empresas, das sociedades e dos governos, apostando em programas de mentoria com role models femininas e com grupos de trabalho mistos, prontos para mostrar o que podemos atingir juntos. Funções estas tão bem desempenhadas por associações como a Women In Tech, onde faço parte do board em Portugal e da qual sou embaixadora em Angola.

Sou jornalista e tenho interesse pelos mais variados temas, mas a tecnologia vem em primeiro lugar. Gosto de escrever sobre e para mulheres porque estou farta de ouvir que tecnologia é uma coisa de homens.
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