Na Rússia, o humano tira o trabalho ao robot

Por: André Gonçalves
Tempo de leitura: 3 min

Os robots, especialmente os de aparência humanoide, sempre foram sinónimo de ‘futuro’. A grande maioria dos livros e filmes de ficção científica conta com uma forma ou outra destes robots “inteligentes” que interagem e, por vezes, até se confundem com os humanos.

Na cultura pop encontramos sempre duas visões antagónicas de como será o nosso futuro e o relacionamento com estas nossas criações: numa, contaremos com serventes féis, capazes de facilitar todas as tarefas do nosso dia-a-dia, para nos libertar dos trabalhos entediantes e repetitivos; noutra, teremos máquinas exterminadoras de postos de trabalho e de vidas humanas, sendo que nos contos mais tradicionais temos uma visão que começa a aparentar ser a primeira e acaba por ser a segunda.

Pessoalmente, tenho esperança de que o futuro não seja tão radical como normalmente é romantizado. No entanto, o que é garantido é que nos últimos anos temos visto surgir soluções tecnológicas que nos deixam mais perto desse mundo em que convivemos naturalmente com androides. Para várias empresas, trazer a público o seu avanço nesta área passou a ser, não só a melhor demonstração do seu desenvolvimento tecnológico, como até mesmo um factor de orgulho nacional para os seus países de origem.

Por isso, não fiquei surpreendido quando, no final do ano passado, conheci o Boris, um avançado autómato androide desenvolvido inteiramente na Rússia. O Boris teve a sua primeira aparição pública num fórum científico em Iaroslavl e foi anunciado nas redes russas de notícias como a resposta nacional aos projetos japoneses da Honda e aos americanos da Boston Dynamics.
Os mais cépticos levantaram questões sobre a falta de qualquer background evolutivo deste projecto, que era do mais avançado que alguma vez se viu sair daquele país. Estranharam a ausência dos sensores actualmente necessários para um robot deste tipo e desconfiaram da inteligência artificial e voz robótica do Boris.

Eu apenas fiquei fascinado com a agilidade com que o Boris dançava em palco e se movia pelo meio de um público denso. Confiante de que o país que colocou o primeiro satélite no espaço, criou a sua própria estação espacial e viu nascer Isaac Asimov poderia, mesmo atrás das cortinas, desenvolver todo um conjunto de tecnologias revolucionárias nesta área. Fui apenas mais uma vítima de um embuste de um artista russo que conseguiu, por um curto espaço de tempo, roubar a ribalta que normalmente reservamos exclusivamente a robots.

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Se não pensares nisso, alguém vai fazer-lo por ti.
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