Blockchain: uma tecnologia que veio para ficar

Por: André Paula
Tempo de leitura: 5 min

Mercado das criptomoedas

É difícil falar em Blockchain e não falar em criptomoedas, isto porque a tecnologia foi aplicada, inicialmente em 2008, à moeda digital Bitcoin para garantir segurança e confiança nas transacções e pagamentos realizados peer-to-peer, mantendo um registo digital em vários nós (computadores espalhados a nível mundial), não existindo qualquer banco central para controlar a operação – logo é descentralizado. O Blockchain usado na Bitcoin, como o primeiro, acaba por não ser tão seguro como outros que foram aperfeiçoados depois. Exemplo disto é o Ethereum, que não só é uma moeda digital, como uma plataforma para executar contratos digitais, ou o Ripple que oferece transacções globais seguras especialmente entre bancos. Portanto, esta tecnologia acaba por ter o seu inicio especialmente no mundo financeiro e muito focado no mercado das criptomoedas.

Infelizmente, devido a muitos esquemas de pirâmide a volta da Bitcoin, muitos têm vindo a olhar para este mercado com alguma insegurança e desconfiança, desapercebendo-se do que realmente está por trás: o Blockchain.

Como funciona o Blockchain

Para entenderem melhor o seu funcionamento, imaginem uma cadeia de blocos (blocks) que têm informação digital: do valor transaccionado e das pessoas envolvidas nessa transacção, com a assinatura digital de ambos e de uma hash criptografada única referente a esse bloco, bem como a hash do bloco anterior.

Essa informação está numa base de dados pública (chain), que pode ser acedida por qualquer pessoa. A título de exemplo, no website blockchain.com, podem ver as transacções de várias moedas ao segundo. Esta informação pública garante a segurança, a transparência e a confiança dessas transacções. Como não existe um banco central, como é que as transacções são validadas? Por uma rede global de mineradores, ou seja, são computadores poderosos, que vão encontrar a hash referente ao bloco: uma chave matemática, difícil de ser decifrada, mas partilhada por milhares. Como teve início no mercado das criptomoedas, ainda desconhecido ou encarado por muito como clandestino, o Blockchain ainda é muito associada apenas às criptomoedas, mas o seu uso já ultrapassou este mercado.

Um protocolo de confiança

Por que é um protocolo seguro? Porque não existem blocos iguais. Estes são registados cronologicamente, cada bloco tem um início e um fim, bem como uma hash única. Alterar isto é uma perda de tempo, tem gastos e é impossível de apagar o registo, dificultando a manipulação de dados e fraudes. Como é descentralizado, a informação também está sempre a circular pelos vários nós, permanecendo activa enquanto a Internet continuar. Sejamos sinceros: será difícil acabar com aquilo que revolucionou a comunicação mundial.

Uso do Blockchain

Cada vez mais organizações e profissionais vêm no Blockchain a possibilidade de tirar partido do seu potencial. A tecnologia é usada para implementar contratos digitais inteligentes (ou seja, acordos digitais para agilizar os negócios), para transferências ou pagamentos internacionais (como é o caso do Santander e da IBM), para assegurar a veracidade de contas, relatórios financeiros e gastos no setor publico ou privado, para validar as comunicações entre dispositivos na internet das coisas (IoT), para descentralizar plataformas na área da musica como Ujo, ou mesmo um sistema de votações dos projectos no Hackaton, desenvolvido pela Bright Pixel em 2017 em Portugal.

Outros exemplos de aplicações que fazem uso do blockchain são o browser Brave (assegura a privacidade e segurança) e a rede social descentralizada Akasha (protege a liberdade de expressão dos utilizadores). Mas há mais: a Hyperledger é uma plataforma open source desenvolvida pela IBM para criar e desenvolver aplicações com base no blockchain, a Ubitquity é um recurso imobiliário que fornece um software como serviço (SaaS) e o Storj.io é uma opção descentralizada de armazenamento na nuvem.

Conclusão

A grande vantagem do Blockchain é permitir gravar e distribuir informação digital, não editável e de forma descentralizada, garantindo segurança, transparência e confiança. A sua utilização está a crescer e a ser aplicada em várias áreas de negocio. Estamos perante uma revolução que não tem prazo de validade à vista.

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Estar sempre actualizado com as novidades tecnológicas é para mim importante, em especial com tudo o que esteja relacionado com open source, linux e software livre, por isso tenho um podcast e escrevo sobre estes temas.
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