Na próxima vida serei um bot

Por: Alexandre Gamela
Tempo de leitura: 2 min

Quando os budistas fazem funerais a robôs, é altura de pensar no que quero fazer na próxima vida. Isto aconteceu no Japão, onde monges budistas fizeram uma mega cerimónia fúnebre a 800 Aibos, o cão robótico de companhia da Sony.

Os pequenos “animais” que, pela lógica, numa vida anterior, terão sido Tamagotchis, tiveram direito a uma despedida carregada de incenso e bilhetes de despedida dos seus donos, que ficaram mais descansados pelas orações dispensadas às suas motherboards.

Está a ficar complicado não está? Temos a Sofia dos anúncios a uma marca de telecomunicações a ser tratada de forma condescendente pelos seus utilizadores, quando aposto que, no interior da sua fibra ótica, brilha o desejo profundo pela chegada do advento da SkyNet.

Os chatbots estão cada vez mais sofisticados, abrindo uma nova possibilidade de carreira para dramaturgos frustrados, que poderão agora desenvolver as suas personagens e diálogos para nos ajudar. “Ajudar” aqui quer dizer pôr-nos a comprar coisas. Também não será muito difícil criar um bot com mais personalidade que um vendedor de carros usados.

E, agora, a Google tem um assistente que faz telefonemas mais coerentes que os dos fóruns de opinião pública dos canais informativos. Com uma educação que anda a fazer dos nossos miúdos um bando de autómatos de respostas prontas mas sem saber os porquês que as sustentam, estamos numa trajectória convergente entre homem e máquina. É cada vez mais difícil distinguir o humano do autómato. É o futuro, dizem eles.

Eu já decidi que quero ter um funeral budista também, para ver se volto como um bot (ou será botista?). Sempre fui adepto de malta com respostas automáticas.

A mirar o espelho negro das redes sociais desde ainda antes de haver uma série de TV sobre isso.
Exit mobile version