Uncharted 4: A Thief’s End, ou ‘O Fim de um Ladrão’ na versão portuguesa, o que a produtora Naughty Dog diz ser o último episódio da série, transporta-nos para o início das aventuras de Nathan Drake. Neste jogo somos levados até à altura em que o nosso herói foge do orfanato com o irmão para irem em busca de pistas sobre o passado da mãe. É durante esta busca que os dois descobrem que ela estava no encalce do tesouro de Henry Avery, um dos mais bem-sucedidos piratas de sempre, que existiu mesmo no séc. XVII. Reza a lenda que, numa ilha ao largo de Madagáscar, Avery fundou um reino pirata, onde se coroou rei e até tinha moeda própria.
Jogar pela vida de Nathan Drake
A Thief’s End passa-se em três momentos: numa primeira parte (que serve de tutorial), jogamos com um Nathan teenager; depois, segue-se o episódio em que o herói esteve preso no Equador e, finalmente, a actualidade, em que anda à procura do tesouro de Henry Avery.
No início do jogo foi-me difícil entrar no “comprimento de onda” de Uncharted 4: A Thief’s End. Cheguei mesmo a pensar que a espera tinha sido em vão e que a série se iria despedir com um jogo bonito graficamente, mas completamente insonso. Mas, no final do primeiro quarto do jogo, fiquei completamente “agarrado” – só queria saber o que iria acontecer aos irmãos e se era mesmo desta que Nathan Drake ia ficar inimaginavelmente rico.
Tal como já aconteceu com os outros títulos da série, o ponto forte de Uncharted 4 é a qualidade dos seus gráficos. Tudo foi reproduzido até ao mais ínfimo pormenor: As selvas são luxuriantes, a água é límpida e quando Drake se desloca, por exemplo na lama, deixa marcas no chão. Tudo isto é ajudado pelas superiores capacidades gráficas da Playstation 4. E as explosões? São fenomenais!
A captura de movimentos está quase ao nível de uma produção de Hollywood. O voice acting é bom, mas não é brilhante. O jogo está localizado para Portugal, mas, felizmente, dá a hipótese de escolher a língua. Tanto dos diálogos, como das legendas e interface.
Esconde-te, Drake!
O gameplay de Uncharted 4 segue a mesma mecânica dos anteriores: há escalada, saltos, resolução de puzzles e tiros, no entanto, muitos dos cenários são mais abertos. Por exemplo, em situações de escalada, há sempre mais de uma maneira de atacar as encostas e penhascos para chegar ao objectivo. Outro aspecto que mostra a mudança para um mundo mais aberto é que, nos cenários em que se tem de eliminar os inimigos, há quase sempre a possibilidade de os mandar desta para melhor sem disparar uma única bala. Para ser perfeito só falta mesmo uma forma de atrair os inimigos, ‘à la Assassin’s Creed’, porque mesmo que eles nos vejam, nunca saem muito dos seus lugares para nos procurarem.
O aspecto menos bom é mesmo o sistema de ‘cover’ e tiro. Muitas vezes morre-se porque quando mandamos Nathan esconder-se, ele fica um pouco indeciso. Quando se joga em dificuldade média o sistema de pontaria automático é menos eficaz e Nathan desperdiça muitas balas porque, pistola à parte, todas as outras armas são complicadas demais de apontar. Tirando as armas de precisão, os headshots são quase todos feitos por sorte.
Os puzzles não são excessivamente complicados, mas dão luta. Quando fica tempo demais a tentar resolvê-los, o jogo tenta dar-lhe uma dica sempre sem revelar a solução. No entanto, na grande maioria dos casos, é suficiente para o ajudar a avançar quando está bloqueado.
No final do jogo, só pensei que é uma pena se este for mesmo o último episódio da série. Porque, numa era em que se fala demais de jogos casuais sem qualquer profundidade nem história coerente, ter um Uncharted com uma história apaixonante, personagens à séria, gráficos esplêndidos cheios de pormenores e vida é o que justifica o investimento numa consola de última geração e que faz com que o jogo deixe de ser um mero passatempo, para ser uma aventura em que se pode participar.