A fabricante de processadores e modems para smartphones Qualcomm vai adquirir a Arduino, a empresa italiana conhecida sobretudo pelo seu ecossistema open source de microcontroladores e pelo software que os faz funcionar. No anúncio, a Qualcomm declarou que a Arduino “manterá a sua marca e missão”, incluindo o seu “espírito open source” e o “apoio a vários fornecedores de chips”.
“A Arduino manterá a sua marca, ferramentas e missão independentes, continuando a apoiar uma ampla gama de microcontroladores e microprocessadores de diversos fornecedores de semicondutores, ao entrar neste novo capítulo dentro da família Qualcomm”, afirmou a empresa em comunicado.
Após esta aquisição, os mais de 33 milhões de utilizadores activos na comunidade Arduino terão acesso ao poderoso conjunto tecnológico e ao alcance global da Qualcomm. Empreendedores, empresas, profissionais de tecnologia, estudantes, educadores e amadores serão capacitados para prototipar e testar rapidamente novas soluções, com um caminho claro para a sua comercialização, apoiados pelas tecnologias avançadas e pelo vasto ecossistema de parceiros da Qualcomm.
A Qualcomm não revelou o valor da aquisição da Arduino. A operação ainda terá de ser aprovada pelos reguladores e cumprir “outras condições habituais de conclusão”.
O primeiro fruto desta aquisição será a Arduino Uno Q, uma placa single-board, equipada com o processador Qualcomm Dragonwing QRB2210. A QRB2210 inclui um CPU de quatro núcleos Arm Cortex-A53 e um GPU Qualcomm Adreno 702, além de conectividade Wi-Fi e Bluetooth, e combina tudo isto com um microcontrolador em tempo real “para fazer a ponte entre computação de alto desempenho e controlo em tempo real”.
A Qualcomm enfatizou várias vezes que a Arduino continuará a funcionar como um ecossistema autónomo, mas existe sempre o receio de que, quando uma grande empresa adquire um projecto open source mais pequeno, acabe por o fechar progressivamente. Isso poderá significar a redução (ou mesmo cessação) de lançamentos de hardware ou software para a comunidade open source, ou um decréscimo no apoio a chips não produzidos pela Qualcomm. Poderá também representar uma mudança de foco em direcção aos grandes clientes da Qualcomm, em detrimento dos educadores e entusiastas que constituem a comunidade Arduino.
Ainda assim, o compromisso da Arduino com o hardware e software open source poderá evitar esse cenário. Actualmente, terceiros podem fabricar e vender os seus próprios produtos compatíveis com Arduino mas o nome “Arduino” é reservado aos lançamentos oficiais da empresa, mas há inúmeros produtos compatíveis com o sufixo “-duino”. Caso a comunidade que usa esta tecnologia se sinta insatisfeita, poderá tentar criar um fork do hardware e do software, oferecendo assim uma alternativa ao rumo que a Qualcomm possa vir a tomar a tomar.