Creio cometer há largos anos um erro de cálculo quando aqui escrevo. Sendo esta uma coluna de opinião, sempre partilhei a minha sem a preocupação de quem a pudesse ler. Sempre foi a minha visão deste mundo em que vou trabalhando há quase duas décadas. Uma clara imprudência, dada a multiplicidade de públicos da revista e do igualmente vasto número de áreas que a tecnologia abarca.
Durante quase dez anos o título ‘Há uma app para tudo’ fez sentido. Aludia ao crescimento exponencial que vivemos com a introdução dos smartphones no nosso dia-a-dia. E se, em 2011, isto não era uma verdade absoluta, no final dessa década já era completamente redundante. Pelo menos, pelo lado do mercado de consumo, onde o leitor teria apps tão ou mais interessantes para partilhar.
Julgo, portanto, que chegou o momento de mudar o título da coluna ainda que se mantenha o espírito. ‘Há um agente para tudo’ não teria a mesma longevidade do título anterior e, no fundo, a praticidade dos mesmos (agentes) serão, de alguma forma, semelhantes às das aplicações. E se, por agora, no mercado de consumo é ainda a app do ChatGPT que trouxe cerca de dois mil milhões de dólares à OpenAI, já começa a ser interessante partilhar todas as aplicações de agentes que fazem uso de IA.
Apesar de grande parte dos agentes de IA serem ainda “consumidos” numa janela de contexto de um browser, ou através de uma API para os milhões de aplicações que hoje já dizem utilizar IA, a verdade é que a sua ubiquidade já se vai materializando para lá dos ecrãs, porque se vai infiltrando em processos que, antes, eram clara e exclusivamente humanos.
Vivemos numa época de mudança radical de paradigma. Talvez a maior de todas. Mudemos então, também, o título desta coluna: ‘Há uma IA para todos’.