Pense no assunto. Quando desceu após o anúncio das novas tarifas dos EUA, bateu os 74 mil dólares, mas não voltou aos valores de 2021 ou de 2017.
Vários economistas (e um número crescente de investidores) defendem que esta é das maneiras mais eficazes de avaliar a força do Bitcoin: não pelo quão alto chega, mas pelo quão alto se mantém quando cai. Vejamos o porquê.
Mínimos revelam força estrutural
Quando se fala do preço do Bitcoin, o foco costuma estar nos picos da última grande subida. Mas a verdadeira força do ativo está no quão pouco desce quando o mercado arrefece — algo que passa despercebido a muitos.
Veja, é o fundo de cada ciclo que revela onde se encontra o novo suporte. Em 2013, o valor mais baixo a seguir à queda não alcançava os 300 USD. Após 2017, já se aproximava mais dos 3000 USD. E em 2022, durante o chamado “inverno cripto”, o mínimo ficou-se pelos 16 mil dólares. É por isso que muitos economistas dizem que o Bitcoin continua a ficar mais forte.
Não se pode chamar “ativo moribundo” a algo cujo ponto mais baixo continua a situar-se muito acima do que estava há poucos anos. Esta subida lenta, mesmo nos piores cenários, contraria as manchetes sensacionalistas que surgem de cada vez que há uma mudança no mercado. Cada vez mais investidores, especialmente os mais jovens, começam a compreender este padrão e já deixaram de se abalar tão facilmente pelos gráficos a vermelho.
Os mais experientes já começaram a comparar os mínimos de cada ciclo ao invés de tentarem prever o próximo máximo histórico. Isto não é só investir com inteligência — é pensar com realismo. Para quem tem uma visão a longo-prazo do Bitcoin, os níveis de suporte funcionam como pegadas numa escadaria — mostram até quão longe já se subiu.
O que as trocas BTC-EUR revelam sobre a confiança mundial
O volume de trocas BTC EUR não são apenas números num ecrã — são um dos indicadores mais claros de que há confiança suficiente no Bitcoin para o converterem para uma moeda utilizável. Repare: quando alguém pesquisa o “Bitcoin price” numa plataforma como a Binance e decide vendê-lo por euros, está a garantir o valor que acumulou; está a dizer “isto não é apenas uma experiência digital, é algo que posso aplicar no mundo real”. Este passo marca o ponto onde a teoria encontra a realidade e mostra como os detentores realmente se sentem em relação ao Bitcoin.
As conversões BTC-EUR tendem a aumentar em períodos de incerteza. Quando se prevê uma viragem no mercado, os ativos são trocados por euros — não por deixar de haver confiança no Bitcoin, mas por se desejar algum espaço de manobra. É a mesma lógica de quem decide arrecadar lucros depois de uma boa valorização. E, sejamos francos, em países em que o preço da energia e o aumento da inflação complicam o planeamento financeiro, proteger os ganhos tornou-se mais importante do que nunca.
Além disso, a frequência destas trocas aumentou nos últimos anos. Não se trata apenas da evolução do preço, mas de maturidade. Cada vez mais pessoas tratam o Bitcoin como um ativo funcional e não como um brinquedo de especulação — compram nas quedas, mantêm durante as subidas, convertem em euros quando lhes parece oportuno. Este ciclo é um sinal de uma confiança que não existia ao princípio.
A volatilidade é uma certeza, mas os valores são reveladores
Todos sabem que o Bitcoin é volátil e ninguém o está a tentar convencer do contrário. Mas nem toda a volatilidade é igual. Um pico seguido de uma queda abrupta não é o mesmo que uma descida cujo preço se mantém acima do mínimo anterior. E é exatamente este segundo caso que temos vindo a observar. Mesmo quando o preço do Bitcoin cai, já não cai como antes. Os novos mínimos têm uma espécie de “amortecedor” — e é a isso a que devíamos prestar mais atenção.
Infelizmente, os média não ajudam. Numa semana é “Bitcoin a caminho do milhão”, na seguinte já é “Bitcoin está morto”. Esta montanha-russa de manchetes pode ser desgastante para quem tenta compreender o que realmente se passa, mas é importante relembrar que o sensacionalismo pouco tem a ver com a verdadeira dinâmica do BTC enquanto ativo.
Além disso, muitos dos investidores que se juntaram à corrida por volta de 2020 já passaram por pelo menos uma quebra significativa. Presenciaram o pânico e viram a recuperação. A esta altura, muitos já conseguem identificar o padrão. E, como infelizmente descobrimos recentemente, até bens essenciais como a energia podem ser instáveis. Com isto em mente, exigir uma estabilidade absoluta de uma criptomoeda é, no mínimo, pouco realista — nalguns casos, chega mesmo a ser injusto.
Conclusão
O Bitcoin continuará a ter os seus altos e baixos dramáticos, mas a trajetória dos mínimos revela mais do que qualquer manchete. Se prestar atenção ao valor cada vez mais elevado dos mínimos, estará a avaliar crescimento verdadeiro, não apenas picos momentâneos.