O último mês foi particularmente intenso no que toca ao nosso futuro digital. Assistimos a uma ofensiva concreta contra a nossa privacidade, com a Europa no centro do furacão.
Na frente mais preocupante, a indústria do entretenimento está a pressionar a União Europeia para forçar as VPN (uma ferramenta que, muitos de nós, usamos para nos proteger) a vigiar os seus utilizadores. O pretexto é o combate à pirataria, mas o resultado é transformar a segurança em vigilância, um absurdo que choca de frente com o nosso RGPD.
Esta ameaça não vem só. A organização de privacidade NOYB avançou contra a Meta (Facebook) por querer usar os nossos dados pessoais para treinar os seus modelos de inteligência artificial, algo que começou no final de Maio. Em Portugal, a própria CNPD tem vindo a reforçar os alertas sobre os riscos da IA – a nossa privacidade está a ser atacada em várias frentes.
Como nota final, a discussão continua à volta do AI Act e das suas obrigações. As regras que forçam a transparência sobre os conteúdos usados para treinar estas IA são cruciais, mas o desafio é garantir que isto se traduza numa compensação justa para os verdadeiros criadores e não para as editoras/associações que se fazem passar pelos criadores, ficam com o dinheiro e, depois, se queixam da pirataria.
Vivemos um momento decisivo. O que está em jogo é se a Europa continuará a ser um espaço de inovação que respeita os nossos direitos ou se cede a um futuro de vigilância.