Uma startup sediada na Virgínia (EUA), autodenominada “Operation Bluebird”, anunciou esta semana que submeteu uma petição formal ao Instituto de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO). O objectivo é audaz: solicitar à agência federal o cancelamento das marcas registadas da X Corp para as palavras “Twitter” e “tweet”, alegando que a empresa as abandonou.
“As marcas TWITTER e TWEET foram erradicadas dos produtos, serviços e marketing da X Corp., abandonando efectivamente a marca histórica, sem qualquer intenção de retomar o uso da mesma”, declara a petição. “O pássaro do TWITTER foi deixado em terra.”
Se a iniciativa for bem-sucedida, dois dos líderes do grupo revelaram à Ars Technica que a Operation Bluebird pretende lançar uma rede social sob o domínio Twitter.new, possivelmente já no final do próximo ano. A plataforma já possui um protótipo funcional e está a convidar utilizadores para reservarem os seus nomes de utilizador.
Michael Peroff, advogado do Illinois e fundador da Operation Bluebird, afirma que, nos anos que se seguiram à aquisição, surgiram ou ganharam tracção várias redes sociais semelhantes ao Twitter — como o Threads, Mastodon e Bluesky. No entanto, nenhuma atingiu a escala ou o reconhecimento de marca que o Twitter detinha antes da liderança de Musk.
“Certamente existem alternativas”, disse Peroff. “Mas não sei se alguma delas está, neste momento, numa escala que faça diferença na conversa nacional, ao passo que um novo Twitter poderia realmente fazê-lo.”
Stephen Coates, parceiro de negócios de Peroff e advogado que serviu anteriormente como consultor jurídico geral do Twitter, partilha da mesma visão. A Operation Bluebird visa recriar a “magia” que a plataforma outrora teve.
“Lembro-me de, há algum tempo, ter celebridades a reagir ao meu conteúdo no Twitter durante o Super Bowl ou outros eventos”, contou à Ars. “E queremos que essa experiência volte, aquela praça pública completa, onde estamos todos interligados.”
Elon Musk comprou o Twitter em 2022 por 44 mil milhões de dólares, acabando por alterar o nome da empresa e a identidade da marca para X. Essa decisão, segundo a Operation Bluebird, criou uma abertura legal para que o nome Twitter fosse formalmente considerado abandonado.
Em Julho de 2023, o próprio Musk publicou que “diriam adeus à marca twitter e, gradualmente, a todos os pássaros”. Foi nesse momento que Peroff, especialista em leis de marcas e propriedade intelectual, viu a oportunidade não só de reclamar o nome, mas também o icónico logótipo, carinhosamente apelidado internamente de “Larry Bird”.
A Operation Bluebird pretende atrair marcas comerciais que se mostraram reticentes em anunciar na X devido a receios de associação com conteúdos indesejáveis, como visões extremistas, publicações fraudulentas ou bots de pornografia. Um estudo da Kantar, de Setembro de 2024, notou que 26% dos profissionais de marketing inquiridos planeavam abandonar as suas campanhas na X.
“Acreditamos que as nossas ferramentas de moderação ajudarão a discussão a evoluir para algo mais responsável”, afirmou Peroff. “As marcas estão presas na X porque não têm outro lugar para ir.”
Especialistas legais mostram-se divididos. Mark Lemley, professor de Direito em Stanford, alertou que a X poderá defender as marcas se conseguir provar que ainda as utiliza, embora um “mero uso simbólico” não seja suficiente.