Durante anos, a narrativa no mundo do gaming para PC foi dominada pela vantagem tecnológica da Nvidia. Quando a empresa lançou o DLSS (Deep Learning Super Sampling) em 2018, juntamente com as gráficas RTX série 20, estabeleceu um novo padrão para o aumento de resolução (upscaling) baseado em aprendizagem automática (Machine Learning). A Nvidia refinou essa tecnologia com a versão 2.0 em 2020, consolidando a sua liderança.
Até a Intel, com a sua tecnologia XeSS lançada em 2020 e actualizada em 2024, conseguiu antecipar-se à AMD na implementação de upscaling baseado em IA. Durante esse período, a “Equipa Vermelha” (AMD) dependia de soluções espaciais, ficando atrás na corrida do upscaling temporal.
No entanto, o cenário mudou drasticamente hoje. Após a estreia promissora do FSR 4 no início deste ano, a AMD decidiu jogar a sua cartada mais forte. A empresa lançou hoje a próxima grande evolução da sua tecnologia: o FSR “Redstone”, acompanhado pelo lançamento dos novos drivers WHQL para Windows, versão 25.12.1.
A AMD esclareceu que “Redstone” não é apenas uma versão incremental, mas sim o novo termo que engloba todo conjunto de funcionalidades da marca. A partir de agora, a nomenclatura baseada em números de versão foi abandonada; a tecnologia passa a ser referida simplesmente como FSR.
Este novo conjunto de funcionalidades unifica três pilares fundamentais baseados em Inteligência Artificial:
Upscaling de Imagem: Melhoria da resolução.
Geração de Fotogramas (Frame Generation): Conseguida agora totalmente por IA, substituindo a anterior interpolação simples, o que promete eliminar artefactos visuais em jogos rápidos como F1 25.
Regeneração de Raios (Ray Regeneration): A resposta directa da AMD à reconstrução de raios da Nvidia. Trata-se de uma tecnologia de “denoising” (remoção de ruído) que recupera detalhes perdidos durante o processamento de Ray Tracing e Path Tracing.
As promessas da AMD são audazes. Segundo os dados apresentados, os jogadores podem esperar ganhos de desempenho que, nos melhores cenários, atingem uns impressionantes 370% face à resolução 4K nativa. Mesmo no espectro mais conservador, a empresa garante duplicar a performance.
Mas o ponto mais controverso e interessante é a afirmação sobre a qualidade de imagem. A AMD alega que o FSR Redstone consegue oferecer uma qualidade visual superior à resolução nativa. Como exemplo, foi demonstrada uma captura de ecrã de Mafia: The Old Country, onde o processamento Redstone definiu cordas e cabos do navio com muito mais precisão do que a renderização nativa, que tinha falhas onde os objectos pareciam desintegrar-se.
Por fim, a AMD apresentou o Radiance Caching. Esta tecnologia de aceleração de Ray Tracing funciona de forma semelhante a outros mecanismos de cache, reutilizando activos de iluminação já processados para acelerar drasticamente o desempenho, especialmente em Path Tracing.
Com mais de 200 títulos já compatíveis com tecnologias FSR e grandes lançamentos como Warhammer 40,000: Darktide preparados para integrar o novo Radiance Caching no próximo ano, a AMD parece finalmente ter as armas necessárias para uma luta “taco a taco” com a Nvidia.