Toda, mas mesmo toda, a minha carteira de engraçadinhos já me fez esta pergunta. Claro que estamos a falar do iPhone Air, um modelo que tem uma importância inversamente proporcional aos grandes compromissos que exige aos seus utilizadores. À medida que as primeiras apreciações de utilizadores reais vão sendo conhecidas, torna-se clara a expressão ‘não há milagres’. Vida de bateria mais curta, sem telezoom, uma saída de som, velocidades USB-C e Magsafe ligeiramente inferiores aos seus “irmãos” e um Core a menos na GPU. Isto foram raros os que notaram, pois a preocupação é com futuros sorrisos sobre se dobra ou não. A Apple diz que não, que o esqueleto é de titânio e não de alumínio como no iPhone 6, mas isso logo vemos. É bonitinho? É. Mas não é a maquinaria heavy-duty do guerreiro do asfalto digital, mas sim a miúda gira da montra.
Onde as boas notícias que chegam dos utilizadores normais se fazem notar é no aumento considerável da performance da bateria, que nunca é demais. Nunca. O chip A19-Pro parece satisfazer as observações dos que deram um salto considerável, menos notada nos que transitaram de modelos mais recentes. O que me levou a uma consulta que ainda não tinha feito, porque passei a perguntar há quanto tempo não mudavam de modelo de telefone.
Cheguei aqui a uma conclusão curiosa numa amostra de setenta pessoas: os meus amigos e conhecidos, mesmo muitos daqueles que eram os primeiros na fila real ou virtual no dia em que o telefone novo estava disponível, estão a esticar cada vez mais a vida útil dos respectivos telefones. Através de contas à merceeiro, sem grande rigor estatístico, a média está em quatro anos (um ciclo que, há poucos anos, era impensável ou extremamente raro).
A Apple pode “vender-nos” a ideia de longevidade de processadores e actualizações por dez anos ou similar, mas a verdade é que o proprietário está a perceber que a troca anual ou bienal não é efectivamente uma necessidade premente para se sentir ainda “dentro da trend”.
Para mim, o salto deixou de ser emocional e passou a ser racional. A troca tem de significar e trazer consigo uma justificação de investimento: mais bateria, uma melhor câmara, menos peso e mais vida suportada. Sei do que falo: tenho um iPhone 13 que ainda não me envergonha. Mas, em cada lançamento, abano um nadinha.