A Quantinuum, uma das empresas de computação quântica mais valiosas do mundo, apresentou o seu mais recente computador quântico, o Helios, sinalizando um ponto de inflexão para a adopção comercial no mundo real desta tecnologia. A empresa afirma que o Helios oferece uma combinação sem precedentes de escala e fiabilidade que poderá acelerar os avanços em todas as indústrias que exploram soluções quânticas.
O hardware Helios fornece 98 qubits físicos. Mas a computação quântica prática não é medida apenas em quantidade: os qubits físicos são vulneráveis a perturbações ambientais mínimas, que podem produzir erros mesmo durante computações curtas. Em vez disso, a indústria concentra-se frequentemente em qubits “lógicos”, que resultam quando muitos qubits físicos são interligados através de protocolos de correcção de erros para criar estados quânticos estáveis e fiáveis.
O que distingue o Helios, de acordo com os executivos da Quantinuum e especialistas externos em quântica, é a sua capacidade de fornecer 48 qubits lógicos com correcção de erros a partir de 98 físicos. Conseguir uma conversão directa com uma razão de quase 2:1 é notável, dado que as arquitecturas rivais exigem dezenas ou centenas de qubits físicos para produzir um único qubit lógico. Produzir mais qubits lógicos a partir de menos físicos é uma tarefa exigente, porque implica complexas compensações entre o desenho de software, a estabilidade do hardware e os algoritmos de correcção de erros.
“É por isso que o chamamos Helios, porque Helios é o Sol, e dissemos que isto está a fazer nascer a fase de adopção comercial da computação quântica na indústria,” disse o Presidente e Director Executivo da Quantinuum, Rajeeb Hazra, ao The Wall Street Journal.
A Quantinuum surgiu em 2021 após a fusão da Cambridge Quantum Computing e da unidade de desenvolvimento de tecnologia quântica da Honeywell, combinando activos provenientes de investigação avançada e engenharia industrial de alto desempenho. O financiamento da empresa no início deste ano – uma ronda de capital de 600 milhões de dólares a uma avaliação de 10 mil milhões de dólares – confirmou a sua posição no topo do sector quântico privado, enquanto os concorrentes correm para construir máquinas maiores e mais prontas para o mercado.
O roadmap da Quantinuum projecta atingir outro marco até 2029: o sistema quântico Apollo, planeado para fornecer milhares de qubits físicos e centenas de qubits lógicos. No entanto, a empresa afirma que o Helios já representa um passo substancial em direcção à computação quântica tolerante a falhas – suportando resultados fiáveis para problemas à escala empresarial que os computadores clássicos há muito consideram insolúveis.
Uma melhoria técnica fundamental no Helios é a sua nova linguagem de programação, Guppy, desenhada para permitir a criação e optimização de algoritmos quânticos directamente para a sua arquitectura. Ao contrário das ferramentas de software quântico anteriores, que por vezes eram limitadas por restrições de hardware e desafios de escala, o Guppy é construído propositadamente para ajudar os programadores a fazerem a transição da sua investigação nos pequenos sistemas actuais para máquinas muito maiores, à medida que estas ficam disponíveis.
A liderança da Quantinuum afirma que os algoritmos que correm com sucesso no Helios hoje terão um caminho directo para aumentar a escala quando máquinas como o Apollo forem implementadas, formando uma abordagem modular para o desenvolvimento de software quântico.
Empresas de serviços financeiros como a JPMorgan Chase estão entre as primeiras entidades a adoptar o Helios durante a fase de pré-visualização privada. O grupo de investigação aplicada em tecnologia global do banco já executou algoritmos quânticos mais avançados na plataforma, incluindo alguns focados na optimização de análises em tempo real para conjuntos de dados massivos. O JPMorgan e os seus pares dizem que continuam a colaborar com vários fornecedores quânticos – validando, testando e refinando modelos à medida que as capacidades de hardware se expandem.
Rob Otter, chefe de investigação aplicada em tecnologia global do JPMorgan, observa que o rápido avanço dos sistemas quânticos subjacentes pode fornecer fluxos de trabalho quânticos prontos para a empresa mais cedo do que as previsões da indústria. Embora a computação quântica tolerante a falhas em larga escala ainda esteja a vários anos de distância, as empresas estão agora a estabelecer as bases algorítmicas e a infra-estrutura para capitalizar assim que o hardware quântico amadurecer.
