A blockchain está a expandir-se além das criptomoedas e dos NFT (já a vimos em produtos de supermercado) e começa a transformar sectores como a energia, a saúde e a logística. Em Portugal, investigadores da Nova IMS estão a usar esta tecnologia para permitir trocas de electricidade entre utilizadores.
Esta ideia está em marcha no Projeto Communitas, que já arrancou com pilotos em Portugal e Espanha (a conclusão está agendada para 2026) para tentar perceber como é que esta plataforma «influencia a autonomia energética local e a participação activa da comunidade».
Em breve, pode haver uma nova realidade: quem tiver painéis solares irá conseguir vender o excedente de energia directamente a quem precisa (uma troca entre vizinhos, num bairro), sem passar pelos comercializadores tradicionais, algo impossível de acontecer com a estrutura actual do mercado.
Hoje em dia, mesmo que a electricidade produzida por um pequeno gerador «seja usada por vizinhos próximos, os pagamentos passam obrigatoriamente por um comercializador, que define preços e gere transacções», explica a Nova IMS. Esta centralização mantém os cidadãos como «participantes passivos no sistema energético».
A proposta do Communitas quer mudar esta dinâmica e permitir que «cidadãos, empresas e autarquias produzam, consumam e administrem electricidade de forma conjunta, reduzindo custos e acelerando a adopção de fontes renováveis». Aqui, a gestão e a negociação da energia é feita em «tempo real».
Nascido no Nova Blockchain Lab, da Nova Information Management School, este projecto é liderado pela EDP R&D Center e tem dezoito parceiros de oito países. Da parte da universidade nacional, o contributo é feito com a solução Wattswap, que «elimina intermediários e garante pagamentos seguros e transparentes», permitindo aos cidadãos «comercializar energia entre si e controlar melhor os recursos locais».
«O Communitas devolve às pessoas o poder de decidir sobre a energia que produzem. O Wattswap demonstra que bairros inteiros podem tornar-se comunidades energéticas activas, a gerir os seus recursos de forma transparente e colaborativa», conclui Ian Scott, professor auxiliar da Nova IMS.