Hoje é a data oficial de fim de suporte para o Windows 10 da Microsoft. Isto não significa que estes PC deixarão de funcionar subitamente, mas se não tomar medidas, significa que o seu PC recebeu os últimos patches de segurança regulares e que a Microsoft vai abandonar o apoio técnico.
Esta data de fim de suporte surge cerca de uma década após o lançamento inicial do Windows 10, o que é típico para a maioria das versões do Windows. Contudo, chega apenas quatro anos depois de o Windows 10 ter sido substituído pelo Windows 11, uma versão com requisitos de sistema mais rigorosos que deixou muitos PC mais antigos, mas ainda funcionais, sem possibilidade de serem actualizados oficialmente. Em resultado disto, o Windows 10 ainda está a ser usado em cerca de 40% dos PC Windows a nível mundial de acordo com os dados do site StatCounter.
No entanto, esta data de fim de suporte também não está gravada na pedra. Os utilizadores domésticos com PC Windows 10 podem inscrever-se no programa Extended Security Updates (ESU), em português de programa de Actualizações de Segurança Estendidas da Microsoft, que prolonga o prazo de suporte por mais um ano.
Os utilizadores domésticos só podem obter mais um ano de actualizações para o Windows 10, mas os administradores de TI e outras instituições com parques de PC Windows 10 podem também pagar por até três anos de ESU. Este é, aproximadamente, o período durante o qual os utilizadores podem esperar novas actualizações do antivírus Microsoft Defender e actualizações para as aplicações padrão do sistema operativo, como o Microsoft Edge.
Obviamente, o caminho de actualização preferido da Microsoft seria a mudança para o Windows 11 nos PC que cumprem os requisitos ou a aquisição de um novo PC compatível com o Windows 11. Também ainda é possível, pelo menos por enquanto, instalar e executar o Windows 11 em PC que não cumprem os requisitos mínimos. A sua experiência diária será geralmente bastante boa, embora a instalação das principais actualizações anuais da Microsoft (como a próxima Windows 11 25H2) possa ser um pouco mais complicada.
Breve história do Windows 10
O Windows 10 foi lançado inicialmente em Julho de 2015, cerca de três anos depois o lançamento do Windows 8. A principal prioridade da actualização era reverter algumas das mudanças de interface de utilizador do Windows 8 que geraram controvérsia, particularmente o menu Iniciar em ecrã inteiro que a Microsoft adicionou num esforço maioritariamente sem sucesso para fazer os tablets Windows competirem melhor com o então recentemente lançado iPad da Apple.
Mas o Windows 10 também trouxe grandes mudanças na forma como a Microsoft actualizava e vendia o Windows. Num esforço para unir a base de utilizadores fragmentada do Windows, a Microsoft ofereceu oficialmente o Windows 10 como uma actualização totalmente gratuita para todas as instalações do Windows 7 e Windows 8 durante o primeiro ano e, não oficialmente, por muitos anos depois. Em vez de lançar uma nova grande actualização paga do Windows a cada três anos, aproximadamente, a Microsoft comprometeu-se a lançar duas actualizações gratuitas por ano que fariam pequenos ajustes e mudanças, mas contínuos, no sistema operativo. Um funcionário da Microsoft referiu-se ao Windows 10 como “a última versão do Windows”, uma frase que foi amplamente repetida fora da empresa, embora a Microsoft nunca a tenha adoptado como política oficial.
Durante os cinco anos seguintes, a Microsoft manteve a sua posição, lançando um total de 12 versões do Windows 10 entre Julho de 2015 e Maio de 2021, cada uma contendo novas funcionalidades e ajustes à interface de utilizador. Durante esse período, o Windows 10 unificou a base de utilizadores do Windows numa extensão não vista desde os anos dourados do Windows XP em meados dos anos 2000 – no pico, em finais de 2021, mais de 82% de todos os PC Windows em todo o mundo tinham o Windows 10 instalado.
Mas mesmo “a última versão do Windows” não podia durar para sempre. Em 2019, a Microsoft começou a falar sobre algo a que chamou “Windows 10X”. Este foi inicialmente concebido como uma variante menor do Windows destinada a dispositivos com ecrã táctil duplo, como o Surface Duo, que nunca chegou a Portugal, ou o não lançado Surface Neo.
Estes dispositivos, e o próprio Windows 10X, foram descartados. No entanto, circulavam rumores de que o trabalho de design realizado para o Windows 10X, incluindo o menu Iniciar redesenhado, a barra de tarefas centrada, novos ícones e o material de design “Mica”, seriam incorporados numa grande renovação visual do Windows 10 chamada “Sun Valley”. Esta actualização foi lançada em Outubro de 2021 sob a forma do Windows 11.
Apesar do Windows 11, o Windows 10 já recebeu uma quantidade incomum de suporte pós-substituição por parte da Microsoft. A empresa lançou o Windows 10 21H2 e 22H2 juntamente com os lançamentos do Windows 11 com os mesmos números de versão; também estendeu o suporte para o chatbot Copilot para o Windows 10 no final de 2023. E embora o conceito do programa ESU não seja novo – o Windows 7 também teve um, para as empresas que podiam pagar – esta é a primeira vez que a Microsoft oferece uma versão do programa ESU ao público em geral.
Tudo isto quer dizer que, apesar da data formal de fim de suporte, o Windows 10 ainda estará connosco por pelo menos mais alguns anos, com a sua vida já longa estendida pela sua popularidade. E dependendo da rapidez com que a adopção do Windows 11 aumentar ao longo dos próximos 12 meses, ainda é possível que não tenhamos ouvido a última palavra da Microsoft sobre o longo e tortuoso fim de vida do Windows 10.