A OpenAI concluiu uma reestruturação da sua estrutura de propriedade e governança, pondo fim a meses de negociações com a Microsoft e assegurando um caminho para operar como uma sociedade de benefício público com fins lucrativos, mantendo-se sob a supervisão da sua organização sem fins lucrativos. O acordo atribui à empresa de Redmond uma participação de 27%, avaliada em cerca de 135 mil milhões de dólares, e estabelece as condições financeiras de uma das parcerias mais observadas na indústria tecnológica.
O novo arranjo solidifica a posição da OpenAI como uma entidade com fins lucrativos, encerrando quase um ano de negociações que atraíram o escrutínio de reguladores e investidores. Nos termos do acordo, o acesso da Microsoft à tecnologia da OpenAI, incluindo quaisquer sistemas capazes de alcançar a inteligência artificial geral (IAG), estende-se até 2032.
A Microsoft continua a receber 20% das receitas da OpenAI até que um painel independente certifique que a IAG foi alcançada. Este marco, que permanece hipotético, assinala uma das poucas condições capazes de alterar a participação da Microsoft.
A remodelação do modelo societário da OpenAI esteve sob investigação pelos procuradores-gerais estaduais de Delaware e da Califórnia. Ambos os gabinetes disseram esta semana que não se oporiam à conversão da empresa para uma estrutura com fins lucrativos, desde que se comprometa a reforçar a supervisão sem fins lucrativos e as salvaguardas éticas.
A entidade reestruturada, conhecida como OpenAI Group Public Benefit Corporation, continuará a ser governada por uma organização sem fins lucrativos agora rebaptizada de OpenAI Foundation. A fundação deterá uma participação accionista de 26% – estimada em cerca de 130 mil milhões de dólares considerando a actual avaliação da OpenAI em 500 mil milhões de dólares – e retém uma opção de compra para adquirir acções adicionais se o valor da empresa se multiplicar por dez no prazo de quinze anos.
A OpenAI disse que a fundação pretende usar uma parte do seu capital em iniciativas em tecnologia de interesse público, incluindo programas que aceleram a investigação médica e mitigam os riscos emergentes da IA, como a disrupção do mercado de trabalho e as ameaças à biossegurança. “A nossa esperança é que a OpenAI Foundation seja a maior organização sem fins lucrativos de sempre”, disse o director executivo, Sam Altman, durante um evento transmitido em directo para anunciar o acordo. De acordo com a empresa, Altman não receberá capital pessoal na nova estrutura.
O papel da Microsoft na OpenAI tem sido central na evolução da parceria. Desde o investimento inicial de 13,75 mil milhões de dólares, a Microsoft tem confiado nos modelos da OpenAI para fazer funcionar o seu conjunto de ferramentas de IA generativa Copilot nos seus produtos Office, Windows e Azure.
Ao abrigo do acordo revisto, a Microsoft mantém os direitos de propriedade intelectual sobre quaisquer produtos ou modelos de IA desenvolvidos até 2032. Esta continuidade, disseram os analistas, remove uma fonte significativa de incerteza aos investidores.
Os novos termos põem fim ao direito exclusivo da Microsoft de hospedar os sistemas da OpenAI no serviço de nuvem Azure. A OpenAI poderá considerar outros fornecedores, incluindo a Oracle, para infraestruturas de cloud adicionais, ao mesmo tempo que promete mais 250 mil milhões de dólares em compromissos de longo prazo para o Azure.
No centro das longas negociações esteve uma disputa sobre como definir a chegada da inteligência artificial geral. O novo contrato adia essa determinação para um painel externo de especialistas. Uma vez verificada a IAG, o direito da Microsoft à participação nas receitas da OpenAI terminará, embora a participação accionista se mantenha.
O cientista-chefe da OpenAI, Jakub Pachocki, disse durante o programa de terça-feira que acredita que os sistemas de IA capazes de superinteligência poderão surgir na próxima década, com a empresa a visar sistemas de investigação autónoma até 2028.