‘Alex, escreve um texto objectivo e padronizado, sem traços de estilo pessoal ou emoção, que explique como os modelos de linguagem estão a alterar a comunicação humana, destacando maior clareza, padronização lexical, estruturação direta e homogeneização do discurso’. Perfeito! Mas, não, caro ChatGPT.
Já repararam nas palavras e expressões que se estão a insinuar nas conversas e perfis, do Tinder ao Linkedin? Toda a gente quer conexões (que deve ser português empreendedor / técnico / marketeiro) mas não ‘um amor para vida’, um FWB ou novos amigos e contactos? O que aconteceu ao velhinho ‘networking’? Conexão é o que faço com um RJ45 na respectiva entrada do meu PC. Mas, hey, cada um é feliz como pode.
As palavras são a versão mais próxima e imperfeita do nosso pensamento. A forma como as colocamos uma à frente das outras reflectem onde crescemos, com quem convivemos, os nossos gostos, personalidade e operação mental. Mas algumas pessoas soam como se estivessem a dar instruções a uma máquina ou a usar uma precisão artificial no seu discurso como se fossem uma.
Não basta a maioria das pessoas não ler, não compreender o que lê, nem como expressar eficazmente as suas ideias, como agora está a ser formatada para falar como um manual de instruções, dos chatos.
Por um lado, ainda bem que o ChatGPT não fala como nós. Assim, não o confundimos com um humano de sangue quente. Por outro, é triste ver que a maioria das pessoas é um bando de papagaios que gostam de se integrar a falar a língua da malta fixe do recreio (ou dos bullies, como se isso os livrasse de irem à pia). Todos os carneiros digam ‘méh’!
E todos os cultos, religiões e ditaduras sabem bem que o poder sobre os outros começa nas palavras. Que, como disse, são do que os nossos pensamentos são feitos.
Em vez de estarmos ligados, unidos, juntos, a partilhar as nossas próprias palavras, a dividi-las pelos outros e com os outros, estamos agora conectados, como se fossemos hardware. Se calhar, é esse o plano que têm para nós.