O antigo CEO da Intel, Pat Gelsinger, defendeu abertamente que a Intel produzisse chips para todos as grandes tecnológicas, incluindo concorrentes. O actual director executivo da Intel, Lip-Bu Tan, afirmou que a empresa poderá eventualmente reduzir a sua actividade no nó de produção mais avançado se não conseguir atrair procura suficiente para o fabrico por contrato – um risco que torna clientes de alto perfil como a AMD cada vez mais importantes. Para a AMD, as fundições da Intel não substituiriam as capacidades da TSMC, mas poderiam fornecer uma fonte adicional de abastecimento – e potencialmente uma salvaguarda política numa altura em que a produção de chips é tanto uma questão de segurança nacional como de tecnologia.
A Intel iniciou conversações preliminares com a sua rival de longa data AMD sobre a possibilidade de produzir alguns chips da AMD nas suas fábricas, segundo disseram ao site Semafor fontes familiarizadas com o assunto. Um acordo deste tipo representaria uma nova validação para o negócio de fundição da Intel, que tem enfrentado dificuldades.
As negociações ainda estão numa fase preliminar, e não é claro se a AMD transferiria uma parte significativa da sua produção para a Intel ou se qualquer acordo incluiria um investimento directo da AMD. As fontes alertaram que nenhuma decisão final foi tomada e que as conversações podem não resultar num acordo. Ambas as empresas recusaram comentar.
As notícias sobre estas conversações surgem após uma série de desenvolvimentos que reforçaram a posição da Intel, depois de meses de fraco desempenho nas vendas dos chips mais avançados.
Nas últimas sete semanas, a empresa garantiu apoios de peso: o governo dos EUA adquiriu uma participação de 9,9%, a SoftBank comprou acções no valor de 2 mil milhões de dólares, e garantiu um investimento que pode chegar 5 mil milhões de dólares por parte da Nvidia, que também concordou em desenvolver chips com a Intel. A Apple terá igualmente mantido conversações com a Intel para um eventual apoio.
Actualmente, o fabrico de CPU e GPU da AMD depende sobretudo da TSMC. A Intel ainda não dispõe da capacidade para produzir os produtos mais avançados e lucrativos da AMD, mas poderia fabricar chips menos exigentes.
As fábricas de chips da Intel continuam atrás das da TSMC no que respeita aos processos de fabrico mais avançados, mas a administração Trump tem pressionado as grandes empresas norte-americanas a trazer pelo menos parte da sua produção para instalações em solo americano. Para empresas como a AMD, celebrar um acordo de fabrico com a Intel poderia aliviar a pressão política ao mesmo tempo que preserva a relação com a TSMC para a produção de gama mais elevada.
Pode dizer-se que se este negócio for em frente se fecha um círculo, visto que durante muitos anos a AMD fabricou chips para a Intel quando esta não tinha capacidade de produção suficiente.