A Samsung Electronics celebrou um contrato histórico no valor de 16,5 mil milhões de dólares com a Tesla para o fabrico de circuitos integrados avançados, num negócio que poderá alterar o equilíbrio competitivo da indústria de semicondutores de última geração e relançar a divisão de fundição de chips da Samsung. O contrato, com vigência plurianual, representa cerca de 7,6 por cento das receitas estimadas da empresa para 2024 e estende-se até ao final de 2033.
O acordo foi inicialmente divulgado numa comunicação à autoridade reguladora sul-coreana, datada de 26 de Julho de 2025. Embora a Samsung não tenha identificado formalmente o cliente, invocando cláusulas de confidencialidade, o presidente executivo da Tesla, Elon Musk, confirmou posteriormente na rede social X que o fabricante de veículos eléctricos se encontrava por detrás do negócio. Musk realçou a importância estratégica da parceria, afirmando que a nova unidade de fabrico de semicondutores da Samsung em Taylor, no Texas, será dedicada à produção dos chips AI6 de próxima geração da Tesla.
Samsung’s giant new Texas fab will be dedicated to making Tesla’s next-generation AI6 chip. The strategic importance of this is hard to overstate.
Samsung currently makes AI4.
TSMC will make AI5, which just finished design, initially in Taiwan and then Arizona.
— Elon Musk (@elonmusk) July 28, 2025
Estes chips destinar-se-ão aos futuros sistemas de condução autónoma da Tesla, bem como às suas plataformas robóticas e infra-estruturas de treino em inteligência artificial. A produção deverá escalar assim que a unidade de Taylor no Texas entrar em funcionamento, o que se prevê para 2026.
A divisão de fundição da Samsung — responsável pelo fabrico de chips sob contrato para terceiros — tem estado tradicionalmente atrás da TSMC, que é a empresa líder de mercado. Enquanto a TSMC domina o sector com clientes de referência como a Apple, Nvidia e Qualcomm, a Samsung tem enfrentado muitos obstáculos, nomeadamente baixos rendimentos de produção (yield) em processos de fabrico avançados e dificuldades em reter grandes clientes.
Analistas vêem esta decisão da Tesla como um voto de confiança significativo na Samsung, especialmente num período em que a empresa perdeu contratos estratégicos e registou prejuízos operacionais relevantes na área da fundição.
De acordo com Pak Yuak, analista da Kiwoom Securities, a divisão de fundição da Samsung acumulou perdas superiores a 3,6 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2025, atribuídas sobretudo a atrasos na captação de clientes de grande dimensão e ao progresso lento na maturação da sua tecnologia de 2 nanómetros.
Observadores do sector consideram que este contrato com a Tesla poderá marcar um ponto de viragem. Alguns especialistas sustentam que o fabrico de chips para um actor global como a Tesla, a partir da nova instalação no Texas, poderá permitir à Samsung melhorar os seus índices de eficiência produtiva e atrair outros clientes de elevado perfil. No entanto, persistem dúvidas quanto à rentabilidade do negócio, havendo especulações de que a Samsung terá oferecido condições comerciais agressivas para assegurar o contrato.
Apesar disso, Daniel Kim, analista da empresa australiana de gestão de activos Macquarie, sublinhou que o acordo tem uma relevância estratégica elevada, mesmo que as margens de lucro a curto prazo sejam reduzidas, pois proporciona à Samsung uma oportunidade valiosa de reforçar a sua experiência em processos de fabrico de ponta e consolidar a sua presença no mercado norte-americano.