Durante décadas, jogar era uma experiência observacional: o jogador estava sempre “fora” do mundo do jogo, com um comando na mão e um ecrã à frente.
Com a evolução da realidade virtual (RV), essa barreira desaparece. Hoje, é possível entrar num mundo digital em 360 graus, interagir com objetos, explorar cenários e até reagir fisicamente a estímulos que antes eram apenas gráficos.
O gaming está entre os setores que mais se beneficiam com os avanços da realidade virtual. A promessa de uma experiência totalmente imersiva está cada vez mais próxima da realidade e os jogadores estão a responder com entusiasmo.
Jogar com o corpo, ver com o movimento
A realidade virtual trouxe consigo uma revolução na forma de interagir com os videojogos. Em vez de pressionar botões, os utilizadores movimentam-se, inclinam-se, usam as mãos ou até o olhar para controlar o jogo.
Headsets como o Meta Quest 3, o HTC Vive ou o PS VR2 colocam o jogador dentro do universo digital, onde tudo acontece à sua volta.
Jogos como Beat Saber, Half-Life: Alyx ou The Walking Dead: Saints & Sinners mostram como a RV pode oferecer não só realismo gráfico, mas também uma resposta física intensa.
Vantagens do gaming em realidade virtual
Uma das principais vantagens do VR Gaming é a imersão total. Ao envolver o corpo e os sentidos, o jogador sente-se dentro da narrativa, aumentando o envolvimento e a sensação de presença.
Além disso, muitos jogos RV promovem atividade física ligeira, contribuindo para um estilo de vida mais ativo, mesmo em ambiente indoor.
Outro benefício é a capacidade de treinar competências específicas, como a coordenação motora, o tempo de reação e até a resolução de problemas em tempo real.
Nos jogos multiplayer, a RV também favorece a interação social espontânea, com voz em tempo real, gestos e contacto visual simulado, algo que os jogos tradicionais não conseguem replicar com a mesma eficácia. Por exemplo, o jogo VR Chat assenta exatamente nesta premissa.
Por fim, a diversidade de géneros disponíveis em realidade virtual permite que o VR gaming não seja apenas uma extensão do gaming tradicional, mas sim um novo universo com mecânicas próprias, onde qualquer jogador pode encontrar experiências à sua medida.
Da ação à simulação: a diversidade dos jogos em RV
A RV não se limita então a jogos de ação ou exploração. Os simuladores de voo, de condução ou de profissão (como cirurgia ou engenharia) são hoje usados não só para entretenimento, mas também para formação.
No mundo do gaming, jogos de estratégia, enigmas e mesmo tabuleiros digitais têm vindo a adaptar-se ao formato virtual.
Entre os exemplos de jogos que migraram com sucesso para ambientes digitais imersivos estão os clássicos de lógica ou aleatoriedade, como o xadrez, os dados e a roleta.
Algumas plataformas de casino permitem jogar roleta online, como a First Person Roulette, com visualizações em 3D e interação em tempo real, simulando o ambiente e a tensão de uma mesa de casino física.
Estas experiências, embora digitais, procuram recriar o gesto humano, o ritmo do jogo físico e a estética tradicional, provando que mesmo os jogos mais clássicos podem ter uma nova vida no universo da RV.
Quais são os principais desafios das editoras com a RV?
Além disso, também é preciso analisar a RV do ponto de vista dos estúdios criadores de videojogos. O mercado que este segmento abre é enorme. Os géneros são infinitos e os tipos de jogadores também.
Nesse sentido, embora o Gaming em Realidade Virtual (RV) apresente desafios relevantes para as editoras, muitos desses obstáculos representam também oportunidades únicas de inovação e diferenciação no mercado dos videojogos.
É verdade que os custos de desenvolvimento são mais elevados, uma vez que é necessário recorrer a equipas especializadas e tecnologia de ponta. No entanto, essa exigência impulsiona a criatividade e leva à criação de experiências imersivas que não seriam possíveis noutros formatos. Uma vantagem competitiva clara para quem aposta cedo.
Por outro lado, a diversidade de plataformas, embora exija um esforço adicional de adaptação, também representa uma oportunidade de alcançar públicos variados com experiências otimizadas para diferentes sistemas. Cada headset pode ser encarado como um canal único com características próprias. E, por isso, uma hipótese de criar jogos pensados à medida.
E agora?
Com efeito, a realidade virtual está a redefinir o gaming tal como o conhecemos. Ao passar da observação para a imersão total, os jogos tornam-se experiências sensoriais, emocionais e envolventes.
Do combate à simulação, do open world ao jogo de lógica, o futuro passa por jogar dentro do jogo. E à medida que os dispositivos evoluem, também os jogos vão continuar a adaptar-se, criando formas de diversão, desafio e presença digital.