A Coinbase, uma das maiores plataformas mundiais de negociação de criptomoedas, confirmou ter sido alvo de um ataque informático que resultou na fuga de dados e numa tentativa de extorsão. O incidente, que comprometeu informações sensíveis de colaboradores, incluindo credenciais de acesso, foi rapidamente contido, mas serviu para demonstrar a crescente sofisticação dos cibercriminosos que operam neste sector.
Segundo o comunicado oficial da empresa, o grupo atacante exigiu 20 milhões de dólares em troca do silêncio e ameaçou divulgar os dados roubados caso o resgate não fosse pago — uma prática típica de esquemas de dupla extorsão, cada vez mais comuns no panorama digital.
“Este caso demonstra como até as maiores plataformas cripto, com estruturas de segurança robustas, estão vulneráveis a campanhas bem coordenadas,” afirma Eli Smadja, Group Manager da Check Point Software. “É uma nova era de cibercrime organizado, com estruturas altamente profissionalizadas, modelos de negócio como serviço e redes de afiliados internacionais.”
Uma análise publicada pela Check Point Research, a equipa de investigadores da Check Point Software, reforça que este tipo de ataque não é um caso isolado. Recentemente, a equipa identificou o regresso do Inferno Drainer, um dos mais furtivos esquemas de Drainer-as-a-Service (DaaS), que nos últimos seis meses drenou mais de 9 milhões de dólares em activos digitais de mais de 30.000 carteiras.
Este modelo de negócio ilícito permite que afiliados aluguem kits de ataque completos — com páginas de phishing, scripts automatizados e suporte técnico — para executar fraudes em larga escala. A nova versão do Inferno Drainer utiliza técnicas avançadas, como:
- Configuração C&C (command-and-control) encriptada armazenada on-chain, na Binance Smart Chain.
- Smart contracts de uso único, que se autodestroem após uma transacção, dificultando a detecção e o blacklisting.
- Proxies seguros e técnicas de evasão baseadas em OAuth2, que iludem navegadores, carteiras e motores de detecção.
- Encriptação AES de múltiplas camadas e forte ofuscação, para esconder a lógica maliciosa de analistas e investigadores.
- O modus operandi envolve muitas vezes falsas verificações em plataformas como o Discord, imitação de bots como o Collab.Land e simulação de interfaces legítimas para levar os utilizadores a autorizar transacções maliciosas.
Embora os casos mais visíveis ocorram em grandes plataformas como a Coinbase, os atacantes visam também investidores individuais, utilizadores de aplicações descentralizadas, e qualquer pessoa que utilize carteiras digitais com frequência. A Check Point alerta ainda para uma crescente tentativa de explorar emocionalmente o utilizador, com mensagens fraudulentas que simulam promoções, airdrops, actualizações de segurança ou urgências de verificação.
“Estamos a assistir à fusão entre a engenharia social clássica e ferramentas tecnológicas altamente evasivas. O resultado são fraudes que imitam com grande precisão os canais de comunicação legítimos de marcas cripto e plataformas de trading,” afirmou Muhammad Yahya Patel, Lead Security Engineer da Check Point Software.
Para se proteger neste novo cenário, a Check Point Software recomenda as seguintes medidas:
Evite clicar em links em e-mails, SMS ou mensagens em redes sociais que aparentem ser de marcas cripto.
Aceda sempre ao site oficial pelo browser.
Utilize carteiras temporárias para interagir com plataformas novas ou pouco testadas.
Verifique cada pedido de transacção com atenção: se não compreender o que está a autorizar, não assine.
Desconfie de promoções ou ofertas urgentes, que são tácticas comuns para gerar cliques e comprometer carteiras.
Implemente soluções de cibersegurança com inteligência de ameaças em tempo real, como Harmony Browse e Quantum Gateway.