Escrevo este texto antes das eleições nos EUA, ou seja, já muito aconteceu entre hoje e o dia em que o lerem. As redes sociais, as novas tecnologias e a sociedade digital atingiram, nesta campanha, o pico de uma escalada iniciada em 2008. E há quatro tópicos a analisar para eleições futuras.
1 – Polarização: com peritos na arte de dividir para conquistar, não há animais de estimação que estejam a salvo. A desinformação e as fake news (que, para uns, são as notícias que não lhes convêm) foram a massa deste bolo intragável cozinhado por spin doctors e gente a precisar de apoio psiquiátrico. Inventar inimigos para reunir tropas em redor de uma figura de proa é uma arte antiga. É assustar para dominar.
2 – Economia dos influencers: estas eleições assinalaram a chegada à maturidade dos criadores de conteúdo no YouTube e no Tik Tok. Há canais dedicados às eleições com milhões de seguidores que produzem dezenas de vídeos por dia, frequentemente com pouca substância, mas muitas visualizações e patrocinadores. Isto prova que o YouTube é a nova televisão. Se a influência que exercem agora será passageira ou duradoura, só o tempo dirá.
3 – O poder das figuras públicas: Taylor Swift e Billie Eilish estão acima dos influencers, são estrelas com milhões de fãs. O seu posicionamento político parece ser pouco determinante nos resultados finais mas, numa eleição renhida, pode fazer a diferença. Nem que seja para mobilizar os grupos mais jovens para o voto. Depois, há donos de redes sociais que usam a sua notoriedade para defender os seus interesses pessoais, disfarçados de consciência política.
4 – Inteligência Artificial à descarada: a fase de ensaios da IA acabou, agora é a sério. Estamos a trazer a simulação para realidade, com riscos enormes para uma sociedade que depende de factos comprováveis para ser democrática. Já disse antes que é uma questão moral mas, nas redes, vivemos muito no plano superficial, por defeito e mecanismo.
O nosso futuro irá depender do que aprendermos agora.